![Tragédia da Braskem em Maceió Evacuação de bairros em Maceió devido aos riscos da exploração mineral da Braskem deixa marcas profundas e transforma regiões populosas em áreas desertas.](https://i0.wp.com/jornalgrandebahia.com.br/wp-content/uploads/2023/12/Tragedia-da-Braskem-em-Maceio-20231204.webp?resize=678%2C381&ssl=1)
Nos arredores da lagoa do Mundaú, em Maceió, os bairros Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Farol tornaram-se “fantasmas” após a evacuação de quase 60 mil pessoas devido ao risco de desabamento causado pela exploração mineral de sal-gema pela empresa Braskem. Desde 2019, a população teme os tremores de terra que geraram rachaduras nas residências. A empresa evacuou parte dos bairros, deixando-os abandonados, enquanto seguranças vigiam imóveis que agora pertencem à Braskem.
Na última quarta-feira (29/11/2023), a área próxima à mina número 18 entrou em alerta máximo, levando à retirada de 23 famílias no bairro do Pinheiro. A Defesa Civil alerta sobre o risco iminente de desabamento, com potencial para criar uma cratera maior que o estádio do Maracanã. Enquanto alguns resistem ao despejo, a Braskem argumenta que já pagou R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros, mas a contestação por parte dos moradores persiste.
As ruas dos bairros evacuados apresentam um cenário de abandono, com imóveis cercados, janelas e portas substituídas por tijolos e mato crescendo. Muros exibem números vermelhos de registro de desocupação, enquanto pichações expressam protestos e lamentos. Comerciantes, como Mateus Costa, enfrentam um declínio de 80% nas atividades e descrevem o bairro como “desaparecido”.
A Rua Professor José da Silveira Camerino, na área da mina 18, é um retrato de desocupação e resistência. O comércio local ainda resiste de um lado, enquanto do outro tudo está fechado. Moradores como Manuela Rodrigues, apesar da tristeza, encontram consolo na beleza do pôr do sol no bairro do Pinheiro.
Moradores deslocados, como Cleber Bezerra, enfrentam dificuldades para se adaptar a novos bairros, lamentando a perda de amizades e a mudança na rotina. O cenário tornou-se ainda mais crítico para comerciantes, como Mário dos Santos, que testemunham a queda drástica no movimento e o fechamento de estabelecimentos.
Enquanto a Braskem alerta sobre a possibilidade de desabamento, a população vive entre incertezas, revolta e desamparo. O afundamento da mina 18 em quase 2 metros em uma semana intensifica o temor. A tragédia da Braskem em Maceió se desenha como uma ferida profunda, onde antigas comunidades tornaram-se sombras de seu passado movimentado.
*Com informações da Agência Brasil.
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