A história de Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo”, ganha novo fôlego com o lançamento de um site pelo Instituto Moreira Salles (IMS), que disponibiliza parte de sua obra manuscrita e material histórico. Conhecida por revelar o cotidiano da Favela do Canindé, em São Paulo, Carolina nasceu em 14 de março de 1914 e faria 110 anos nesta quinta-feira (14/03/2024). A exposição “Um Brasil para brasileiros”, realizada pelo IMS, resgatou aspectos importantes da vida da escritora, mostrando sua consciência sobre seu papel no mundo.
Apesar de não haver registros sobre seus sentimentos em seu próprio aniversário, Carolina demonstrava a compreensão de sua relevância histórica. Os curadores da exposição, Hélio Menezes e Raquel Barreto, ressaltam que as fotos encontradas revelam uma Carolina muitas vezes retratada de forma melancólica pela imprensa, contrastando com sua postura elegante e orgulhosa em outras imagens.
Carolina, que se sustentou por muitos anos como catadora de materiais recicláveis, sempre acreditou em seu potencial como escritora, enviando originais para diversos editores. O lançamento do site pelo IMS coincide com a busca contínua pela filha da autora, Vera Eunice, para reaver parte desse material que teria sido retido por editores.
Além de “Quarto de Despejo”, Carolina publicou em vida outros títulos como “Casa de Alvenaria”, “Pedaços de Fome” e “Provérbios”. Seu legado inclui ainda o autobiográfico “Diário de Bitita”, lançado postumamente. A escritora, que enfrentou o racismo em diversas ocasiões, teve sua trajetória acompanhada pelos jornais por décadas, demonstrando sempre sua força e resistência.
O site lançado pelo IMS oferece aos admiradores e estudiosos da obra de Carolina um ponto de encontro virtual, onde é possível acessar parte de sua obra manuscrita, correspondências, fotografias e reportagens. Uma linha do tempo detalha a trajetória da autora, desde sua ancestralidade até seu reconhecimento como escritora. A filha da escritora, Vera Eunice, luta pela criação de um memorial em homenagem a Carolina em Sacramento, onde parte do acervo da autora está atualmente preservada em condições inadequadas.
*Com informações da Agência Brasil.
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