Uefs implanta memorial do escritor Eurico Alves

O Museu Casa do Sertão, localizado no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, está implantando o Memorial Eurico Alves Boaventura, com a obra e o acervo do escritor feirense, doados pela viúva Maria Luiza e os filhos. “A família entendeu que a decisão seria aprovada pelo esposo e pai, já que a Universidade desenvolve projetos voltados à preservação e valorização da história e cultura sertanejas, um dos focos do trabalho deste escritor”, observa Cristiana Ramos, diretora do Museu.

O trabalho desenvolvido por Eurico Alves Boaventura esteve voltado à identificação e ao resgate da cultura sertaneja não apenas de Feira de Santana, como também de outros municípios do semi-árido baiano. O trabalho do escritor, conforme relata Cristiana Ramos, é dedicado ao que chamou de “civilização da casa-de-fazenda”, em contraponto ao “mundo dos engenhos de cana-de-açúcar, discutido por alguns intelectuais, como Gilberto Freire.

A biblioteca doada ao Museu Casa do Sertão possui aproximadamente 1.700 volumes, a maioria com citações em bibliografias de livros escritos por Eurico Alves, como Fidalgos e Vaqueiros (1989) e A Paisagem Urbana e o Homem (2007), lançados postumamente.
A incorporação do acervo pela Uefs vai possibilitar a realização de pesquisas científicas para estudantes e professores dos cursos de graduação e pós-graduação, em especial os de Letras, História, Sociologia, Geografia e Direito, “constituindo-se em laboratório de pesquisa para o desenvolvimento de atividades complementares da graduação”, conforme observa a diretora Cristiana Ramos. A implantação do Memorial, afirma, coincide com a vocação do Museu Casa do Sertão e Centro de Estudos Feirenses como agentes da preservação da história e da cultura de Feira de Santana e região.

Síntese biográfica

Eurico Alves Boaventura nasceu em 1909, em Feira de Santana, filho de Gonçalo Alves Boaventura e Dona Maria Amélia Boaventura. Ainda estudante de Direito, colaborava com a Revista Arco e Flexa (1920-1928) importante periódico baiano, responsável pela divulgação de produções literárias de vanguarda que possuía influência modernista da década de 1920.

Em 1930, após a formatura em Direito, retorna a Feira de Santana para advogar. Em 1933, deu início a sua carreira de juiz, atuando em Macajubas, Tucano, Riachão do Jacuípe, Poções, Canavieiras, Alagoinhas, Vitória da Conquista e Salvador.

Dentre as obras de Eurico Alves, o livro Fidalgos e Vaqueiros revela o trabalho “de pesquisador incansável sobre o sertão, com apurada erudição à baila o homem sertanejo e a chamada civilização do couro”, relata a diretora do Museu Casa do Sertão, Cristiana Ramos. As poesias de Eurico Alves “revelam com muita perspicácia a relação campo/cidade, as recordações da infância e adolescência, o lirismo e sensibilidade ao retratar o cotidiano da terra natal.

Tendo como perspectiva a atuação de Eurico Alves em várias áreas do conhecimento, o escritor é o patrono da Sala do Couro do Museu Casa do Sertão, onde são expostas peças que rememoram a civilização do couro. Além de uma homenagem, explica Cristiana Ramos, há uma similaridade entre a atuação do intelectual com a proposta do Museu Casa do Sertão, inaugurado em 1978, mas que no início da década de 60 já era idealizado pelo escritor como “museu do vaqueiro”.

Casou-se com Dona Maria Luiza Gama Alves Boaventura e teve quatro filhos. A obra A Paisagem Urbana e o Homem – Memórias de Feira de Santana, de 2007, foi lançada pela UEFS Editora, com organização da filha do escritor, Maria Eugênia. Em 20 de junho, durante a solenidade, no Teatro do Cuca, foi feito o primeiro acordo para a implantação do Memorial, entre o reitor da Uefs, José Carlos Barreto de Santana, e a família do escritor.

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