Milhares de palestinos condenam expropiações no dia da terra

Sajnín (Israel), 30 março de 2010 (EFE).- Milhares de palestinos fizeram hoje manifestações em protesto contra a desapropriação de suas terras por Israel por causa do Dia da Terra, causando conflitos que deixaram um adolescente morto e várias pessoas feridas.

Como em ocasiões anteriores, os protestos tiveram o epicentro em Sajnín, uma cidade árabe da Galiléia, no norte de Israel, mas ocorreram também nos campos de refugiados de países vizinhos árabes.

Ali se aglomeraram ao meio-dia cerca de 8 mil pessoas que seguravam bandeiras palestinas e cantavam slogans como “Minha nação, minha nação… minha vida é para ti”, “Nossa terra é o mais importante” ou “Barak, Barak (ministro da Defesa israelense), quantas crianças você matou hoje?”.

Os participantes, em sua maioria famílias, visitaram os túmulos dos seis palestinos com cidadania israelense que morreram baleados em 1976 pela Polícia de Israel quando protestavam de forma pacífica contra a desapropriação de 2 mil hectares para usufruto de judeus, fato que deu origem ao chamado Dia da Terra.

Em seguida, os manifestantes se deslocaram a um povoado vizinho enquanto batiam os sinos das igrejas e desde os minaretes das mesquitas os muezim encorajavam as pessoas a participarem.
“Estamos aqui para homenagear os mártires e unir a força árabe na luta para alcançar a igualdade com os judeus no Estado de Israel”, disse o porta-voz do Prefeitura de Sajnín, Gasal Abu-Raya.
Outro dos manifestantes, o camponês Mohamed Abu Maydi, lembrava como sua vida mudou quando Israel expropriou dele sete hectares de terra cultiváveis.

“Construímos uma vida em torno dessa terra, meu filho só brinca nela e, por isso, nunca abandonaremos nosso direito. Se a desapropriação era tão necessária, por que não foi usada? Pedimos a Israel que nos devolvesse ou nos indenizasse, mas nada”, lamentava.

Os protestos tiveram como principal novidade este ano a convocação de uma manifestação em El-Araqib, um dos 45 povoados beduínos do deserto do Neguev, no sul de Israel. A existência deles não é reconhecida pelas autoridades do país e, portanto, não aparecem nos mapas oficiais, embora datem de antes do nascimento do Estado judeu em 1948.

Os organizadores dos protestos esperam reunir 5 mil manifestantes em El-Araqib, que ocorrerá pela tarde.

“Essa convocação diferencia os protestos deste ano. Esperamos que os habitantes desses povoados sejam encorajados a construir em suas terras”, apesar da demolição das casas erguidas sem permissão legal, indicou o parlamentar israelense Talab Al-Sana, da Liga Árabe Unida.

Na Cisjordânia, o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, se uniu de manhã a uma manifestação no povoado de Qarawat Bani Hassan, perto de Salfit (norte), à qual participaram cerca de 200 pessoas entre israelenses, palestinos e ativistas internacionais, informaram os Comitês de Coordenação da Resistência Popular.

Também em Budrus, ao oeste de Ramala, se reuniram cerca de 300 homens e mulheres, que plantaram árvores junto ao muro israelense de separação antes de serem dispersados por soldados com gás lacrimogêneo e balas de borracha, segundo a mesma fonte.

A Faixa de Gaza, sob controle do movimento islâmico Hamas, foi palco de três manifestações que somaram centenas de participantes, no norte, no centro e no sul da região.

Durante os protestos, soldados israelenses localizados nas torres de controle e em veículos blindados na fronteira abriram fogo contra a multidão e feriram pelo menos seis palestinos, um deles com gravidade, disseram as testemunhas.

A multidão balançava bandeiras palestinas e mostrava cartazes com lemas contra a “zona tampão”, uma divisa de 300 metros imposta por Israel em torno da barreira que separa ambos os territórios para evitar ataques das milícias palestinas e que impede agricultores da Faixa de Gaza de trabalhar em suas terras.

Vários civis palestinos entram na “zona tampão” sem se dar conta, para entrar em Israel em busca de trabalho ou para recolher ferro-velho e cascalho com o objetivo de vendê-los.

Esta manhã, um palestino de 15 anos de idade, Mohamed al-Farmawi, morreu no sudeste de Gaza por fogo israelense ao ser atingido por tiros de soldados israelenses quando se aproximava da “zona tampão”, informaram testemunhas e fontes das forças de segurança palestinas. No entanto, o Exército israelense assegura não ter conhecimento do incidente.

*Com informações de Nuha Musleh

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