Projeto quer levar a tradição oral às escolas públicas e potencializar a ancestralidade brasileira | Por Hieros Vasconcelos

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Um projeto de lei que precisa de um milhão de assinaturas para ser aprovada pode mudar, para melhor, o futuro das crianças brasileiras. Eleita prioridade da política cultural do Brasil, a Lei Griô Nacional, pretende incluir em escolas e universidades saberes e fazeres que valorizem a tradição oral e a cultura popular em diálogo com a educação formal. Com o objetivo de discutir a proposta, a Assembleia Legislativa abre a partir das 14 horas uma audiência pública, dia 05 de agosto de 2010, quinta-feira, com a participação de representantes da coordenação nacional da Rede Ação Griô e de mais 30 pontos de cultura, além de deputados e secretários de educação e cultura da Bahia. a educadora biocêntrica e coordenadora do projeto Grãos de Luz e Griô, Lilian Pacheco, informa que ” a campanha da lei griô nacional estará acontecendo durante toda a campanha eleitoral buscando comprometer os candidatos à presidência, deputados e senadores.”

O projeto de lei foi eleito prioridade da política cultural do Brasil, entre mais de 347 propostas, na Conferência Nacional de Cultura de 2009. Caso aprovada como lei de iniciativa popular atestará que “a sociedade civil é capaz de participar da construção de políticas culturais no país, num modelo democrático e propositivo”, afirma Márcio Griô.

Quem são os mestres e griôs? São os pais e mães de santo, capoeiras, cantadores, contadores de histórias, cordelistas, brincantes, bonequeiros, erveiros, curandeiros e todas as pessoas que têm histórias de vida repleta de saberes e fazeres que não estão escritos nos livros, e que só são transmitidos oralmente e vivencialmente. Conhecimentos que fazem parte da formação da história e identidade do povo de nosso país. Quando implantada, a lei criará mecanismos para conselhos municipais de cultura identificarem, dentro do seu município, quem são os griôs e mestres da tradição oral. Eles serão vinculados a projetos educativos, associações e à secretarias de educação e passarão seus conhecimentos aos estudantes, com aulas alegres, brincantes e cheias de histórias que encantam as escolas.

Com origem na palavra francesa griot, que traduz a palavra dieli, numa língua do imperio do Mali, que significa o sangue que circula, a Ação Griô nasceu em 2006 do projeto escrito por Lilian Pacheco do Grãos de Luz e Griô, em Lençois, Bahia, e apresentado ao Ministério da Cultura. Hoje conta com a parceria de 130 projetos de cultura no país, cada um com seis griôs e mestres bolsista. Em 2009, cinco anos após o reconhecimento pelo Ministério da Cultura, a Rede conquistou um fundo de R$ 3,5 milhões para os bolsistas que já envolvem 600 escolas, universidades e outras entidades de educação, entre elas os Colégios Pedro II, no Rio de Janeiro, e escolas como a Desembargador Amorim Lima, em São Paulo. A Escola de Comunicações e Artes, da USP, também aderiu ao projeto, por iniciativa do professor Sérgio Bairon Blanco de Sant’Ana. Ao todo, são mais de 750 griôs e mestres que recebem uma bolsa de R$380, durante um ano de duração do projeto.

Vencedor do Prêmio Itaú-Unicef em 2003, o projeto Grãos de Luz e Griô que coordena a Ação Griô tem, desde então, parceria com entidades e grupos europeus, encantados com a ideia de fortalecer a ancestralidade do seu povo. Um grupo espanhol que trabalha com a tradição galega envia anualmente R$ 50 mil, e amigos suícos contribuem com R$ 64 mil anuais.

Formação – Com a correria do mundo urbano, o avanço e a chegada das novas tecnologias, as crianças e educadores estão cada vez mais distantes dos sábios, caminhantes e mestres de suas comuniadades, de sua pedagogia e do que têm para ensinar, para contar e relembrar. Cada vez mais envolvidos com as novas tecnologias, as crianças passam a menosprezar os conselhos e ensinamentos de seus avós, a história deles, os costumes e práticas de transmissão de geração em geração. Com a inclusão da tradição oral nas escolas, pretende-se mostrar que o aprender engloba diversas esferas essenciais para a identidade humana, arte – mito – fazeres – histórias de vida – saberes e fazeres ancestrais – participação comunitária, além do conhecimento científico já implantado nos planos de aula das escolas brasileiras.

*Com informações de Hieros Vasconcelos

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