Seminário no IPEA discutiu o uso do tempo e desigualdades entre homens e mulheres

O uso do tempo e desigualdades entre homens e mulheres é objeto de debate.
O uso do tempo e desigualdades entre homens e mulheres é objeto de debate.
O uso do tempo e desigualdades entre homens e mulheres é objeto de debate.
O uso do tempo e desigualdades entre homens e mulheres é objeto de debate.

As horas dedicadas ao trabalho remunerado e não remunerado influenciam fortemente nas diferenças de papéis sociais e de poder desempenhados por mulheres e homens. Para ampliar as discussões sobre o tema, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com a ONU Mulheres, realizou nesta quarta-feira (18/10/2017), o seminário Uso do Tempo e Gênero. O evento, promovido na sede do Ipea, em Brasília, reuniu pesquisadoras e autoridades preocupadas em reduzir a desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres no Brasil e no mundo.

“Estamos aqui para escrever mais um capítulo dessa história”, disse Nadine Gasman, da ONU Mulheres, durante a mesa de abertura, que foi integrada também por Enid Rocha, diretora-adjunta de Estudos e Políticas Sociais do Ipea; Aparecida Moura, secretária- adjunta de Políticas para Mulheres (SPM); Thaís Faria, oficial técnica da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Lucia Scuro, oficial de Assuntos Sociais da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal); e Bárbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trabalho não remunerado

De acordo com dados da Cepal, no mundo todo, homens dedicam em média 2/3 do seu tempo para o mercado e 1/3 para o lar, enquanto as mulheres usam o tempo de forma inversa: 1/3 para o mercado e 2/3 para o trabalho não remunerado. Lucía Scuro, da Cepal, apontou que “sem igualdade de gênero, o desenvolvimento sustentável não é desenvolvimento, nem é sustentável”. Ela destacou que autonomia econômica e autonomia física estão muito conectadas, por isso a importância da discussão do tema.

Ana Carolina Querino, gerente de Programas da ONU Mulheres, abordou os marcos internacionais para a medição e valoração do trabalho não remunerado. Segundo ela, a Convenção Internacional pela Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (Cedaw) é um divisor de águas, porque traz alguns elementos relacionados à importância de reconhecer o trabalho não remunerado das mulheres.

Bárbara Cobo, do IBGE, revelou que o instituto firmou compromisso, entre outros, de criar uma conta-satélite de trabalho não remunerado. Além disso, será publicado em 2017, pelo IBGE, na série Estudos e Pesquisas, um capítulo sobre pesquisas de uso do tempo, com um panorama nacional e internacional de indicadores sociais. Bárbara afirmou que há uma preocupação cada vez maior com a verificação de dados sobre o uso do tempo, especialmente em relação a como os afazeres domésticos e familiares são divididos entre homens e mulheres.

Para José Ribeiro, oficial de Projeto da OIT, homens e mulheres ainda são pautados por desigualdades muito grandes, e as estatísticas devem dar conta das novas formas de trabalho e dos novos meios de comunicação, que interferem também no uso do tempo. “Os marcos normativos internacionais apontam a necessidade de medição e uso das estatísticas do tempo nas políticas públicas para vencer a desigualdade de gênero”, resumiu.

Experiências internacionais

Na parte da tarde, o destaque ficou com as apresentações das experiências internacionais da Guatemala e do Uruguai na formulação de políticas públicas e no combate às desigualdades entre gêneros. Belgica Rodrigues, da Secretaria Presidencial da Mulher da Guatemala, ressaltou que um dos principais avanços do país foi a incorporação do trabalho não remunerado à Política Nacional de Promoção e Desenvolvimento Integral das Mulheres 2008-2023. “Na Guatemala, as horas não remuneradas das mulheres correspondem a 88% do seu tempo, enquanto as dos homens são apenas 12%.”

Cecília Capel, responsável pela Assessoria de Cuidados e Gênero do INMUJERES/Uruguai, apresentou o Sistema Nacional Integrado do Uruguai (SNIC) e discorreu sobre a Lei de Cuidados do país, que garante o cuidado como uma necessidade básica, tanto um direito como uma função social. “Que os cuidados sejam considerados em sua forma mais ampla, para promover o desenvolvimento da autonomia pessoal e a atenção e a assistência às pessoas que precisam deles”, enfatizou.

Houve, ainda, uma apresentação sobre como o recorte racial aprofunda as desigualdades entre gêneros, com Renata Melo Barbosa do Nascimento, doutoranda da Universidade de Brasília. Já os determinantes do uso do tempo foram abordados por Luana Pinheiro, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, que está concluindo pesquisa de doutorado sobre o assunto. O debate sobre tempo de cuidado com a demência, com Cíntia Engel, da UnB, e o gênero e a classe nos usos do tempo das famílias brasileiras, com a professora mineira Nathalie Itaboraí, fecharam a programação.

O encerramento do evento ocorreu com o coquetel de lançamento do livro Uso do Tempo e Gênero, organizado por Natália Fontoura e Clara Araújo, fruto de um esforço conjunto entre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Ipea. Para acessar a publicação completa, clique aqui.

*Com informações do Ipea.

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