Líder da oposição é colocada sob prisão domiciliar na Nicarágua

Principal rival do presidente Daniel Ortega também é impedida de participar das eleições em novembro. Acusada de lavagem de dinheiro pelo governo, Cristiana Chamorro nega ilegalidades. Mãe de Chamorro derrotou Ortega nas urnas em 1990.
Principal rival do presidente Daniel Ortega também é impedida de participar das eleições em novembro. Acusada de lavagem de dinheiro pelo governo, Cristiana Chamorro nega ilegalidades. Mãe de Chamorro derrotou Ortega nas urnas em 1990.

A líder da oposição na Nicarágua Cristiana María Chamorro Barrios, principal adversária do presidente Daniel Ortega nas eleições previstas para novembro, foi colocada nesta quarta-feira (03/06/2021) sob prisão domiciliar, após uma denúncia de lavagem de dinheiro feita pelo governo. A detenção da opositora foi criticada pela comunidade internacional.

“Após mais de cinco horas de batida policial na casa de minha irmã Cristiana Chamorro, pré-candidata à presidência, às 17h15 a polícia de choque a deixa em ‘prisão domiciliar’, sob isolamento”, escreveu Carlos Fernando Chamorro no Twitter. “Sua casa ainda está ocupada pela polícia”, acrescentou o jornalista, que dirige um grupo de mídia crítico do governo.

Um tribunal de Manágua emitiu um mandado de busca e prisão contra Chamoro, após um pedido do Ministério Público, que acusou de crimes de gestão fraudulenta, falsidade ideológica, ambos com o agravante de lavagem de dinheiro, bens e ativos.

A decisão judicial contra a filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro, que foi chefe de governo de 1990 a 1997, se baseia no artigo 35 da Lei de Prevenção, Investigação e Acusação do Crime Organizado e da Administração dos Ativos Apreendidos, Confiscados e Abandonados, explicou o Poder Judiciário em uma nota divulgada pelo governo.

O Ministério Público solicitou que Chamorro, que é a figura da oposição com maior probabilidade de ganhar as eleições de novembro, fosse desclassificada para ocupar cargos públicos. Além disso, pediu a proibição da opositora de deixar o país. “Chamorro deve abster-se de participar de qualquer tipo de reuniões ou atividades devido à gravidade dos crimes sob investigação”, diz a corte na decisão.

Segundo a assessora de Chamorro, a polícia invadiu a casa da opositora no momento em que ela se preparava para dar uma entrevista coletiva após a denúncia apresentada pelo Ministério Público. A investigação foi aberta em 20 de maio após um pedido do Ministério do Interior. O governo a acusa de irregularidades na gestão da fundação que leva o nome de sua mãe, dedicada à promoção da liberdade de expressão.

Chamorro nega as acusações, que considera uma farsa do governo para impedi-la de participar nas eleições, já que a lei impede pessoas com processos em aberto de concorrer a cargos públicos.

Candidatura indeferida

Além da prisão, a opositora teve ainda a candidatura indeferida nesta quarta-feira e não poderá participar das eleições de novembro, nas quais Ortega, no poder desde 2007, deve buscar uma nova reeleição. O atual presidente ainda não confirmou a participação no pleito, mas adversários acreditam que ele deve buscar um novo mandato.

A mãe de Chamorro derrotou Ortega nas urnas em 1990, quando ele busca a reeleição após seu primeiro governo (1985-1990).

A prisão da opositora gerou críticas na comunidade internacional. Para o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, proibir “arbitrariamente” Chamorro de concorrer reflete o receio de Ortega de “eleições livres e justas”.  “Os nicaraguenses merecem uma verdadeira democracia”, acrescentou.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou “a desqualificação política” da opositora, que classificou como um ataque à democracia, e alertou que a Nicarágua caminha para as “piores eleições possíveis”. “Ações como esta subtraem toda a credibilidade política do governo e dos organizadores do processo eleitoral”, destacou.

Ex-guerrilheiro, Ortega liderou a Nicarágua de 1979 a 1990 e voltou ao poder em 2007. Desde 2018, seu governo enfrenta uma crise, desencadeada por protestos massivos contra suas políticas.

*Com informações do DW.

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