Eleições 2022: União Brasil, PL, indefinição no PT e PP, federação com partidos de esquerda e centro-esquerda, falta de palanque para o presidente Jair Bolsonaro; Os fatos políticos sobre a disputa na Bahia e no Brasil

Os últimos fatos sobre as composições, rupturas e decisões que vão definir o cenário de disputa da Eleições 2022 para presidente da República e governador da Bahia.
Os últimos fatos sobre as composições, rupturas e decisões que vão definir o cenário de disputa da Eleições 2022 para presidente da República e governador da Bahia.

O ex-prefeito ACM Neto (União Brasil, UB) conquista aliados em meio aos desentendimentos sobre quem vai liderar a chapa majoritária ao governo da Bahia entre os petistas e aliados, uma vez que o senador Jaques Wagner (PT) anunciou na segunda-feira (07/03/2022) desistência da pré-candidatura ao governo estadual e declarou que Rui Costa (PT) vai cumprir até o final o segundo mandato de governador, que será encerrado no dia 31 de dezembro 2022.

Jaques Wagner também declarou que Otto Alencar (PSD) permanece na aliança e que vai concorrer à reeleição.

O líder petista citou a prefeita Moema Gramacho e os secretários estaduais Luiz Caetano e Jerônimo Rodrigues como potenciais candidatos a liderar a chapa majoritária do partido na disputa ao governo da Bahia durante as Eleições 2022.

Destes, apenas Jerônimo Rodrigues, secretário da Educação, possui perfil capaz de representar o PT, por permitir a ideia de continuidade administrativa das bem avaliadas gestões de Jaques Wagner e Rui Costa.

Crise entre PP e PT da Bahia

Por outro lado, antes do anúncio sobre as mudanças na majoritária, a falta de diálogo com o vice-governador João Leão, principal liderança do PP na Bahia, resultou em crise política.

Preterido do diálogo, João Leão foi provocado pelo filho, deputado federal Cacá Leão (PP), a aderir à campanha de ACM Neto, político pelo qual nutre amizade e admiração pessoal.

Cauteloso, João Leão foi à Brasília e manteve contato com o presidente nacional da legenda, ministro e senador licenciado Ciro Nogueira, que lhe ofereceu a oportunidade de disputar o mandato de governador pelo PP, em apoio a Jair Bolsonaro para presidente.

Na outra vertente, o filho adepto do magalhismo defende que ele dispute o mandato de senador em uma chapa majoritária liderada por ACM Neto.

O próprio João Leão está em dúvida, a Lei Eleitoral permite que ele dispute qualquer cargo, desde que não assuma, seis meses antes, o governo da Bahia.

Ele sabe que a influência da candidatura à presidente da República liderada por Luiz Inácio Lula da Silva é um fator determinante para o eleitorado da Bahia. Neste aspecto, disse que o PP vai dialogar com as lideranças trabalhistas, a saber Lula, Wagner e Rui, para ao fim, tomar uma decisão.

O PT da Bahia oferece ao PP a continuidade da aliança com a indicação de um vice-governador para compor a majoritária, que, até o momento, tem os nomes Jerônimo Rodrigues (PT), para governador e Otto Alencar (PSD), na recondução ao Senado.

Calcanhar de Aquiles de ACM Neto

As últimas pesquisas de intenção de voto colocam ACM Neto como o mais citado, todavia, ele próprio enfrenta dificuldade em ampliar o número de aliados, por não ter um nome à presidente da República competitivo na Bahia.

Em 2018, o então prefeito de Salvador ACM Neto e o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo (UB), à época, candidato ao governo da Bahia pelo Democratas, apoiaram o extremista de direita Jair Bolsonaro. Ocorre que a rejeição do eleitorado ao desgoverno que conduz no Brasil é transmitida como rejeição aos aliados que o apresentam como candidato à reeleição na Bahia.

Por outro lado, nesta quarta-feira (09/03), O UB aprovou resolução que determina que a legenda apresente candidato próprio do partido à presidência da República.

Em síntese, ACM Neto ainda não sabe em que vai votar para presidente, mas o vínculo dele com a ameaça de surra ao então presidente Lula, apoio ao Golpe Jurídico-Parlamentar que retirou, em 2016, Dilma Rousseff da presidência da República e a aliança com o extremismo de direita que tanto retrocesso impôs à Bahia são aspectos que serão cobrados durante a campanha eleitoral.

A direita e extrema-direita divididas

Ex-chefe de gabinete do então prefeito ACM Neto, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), acena com o desejo de sair candidato a um cargo majoritário. As opções estão entre governador, para construir um palanque para Jair Bolsonaro; ou senador, como um projeto pessoal de poder, no qual ele lança a própria esposa, Roberta Roma candidata à deputada federal.

Em 1º de novembro de 2021, Roberta Roma acusou ACM Neto de tentar destruí-la para inviabilizar a candidatura do marido ao governo da Bahia.

Ela afirmou, também, que o magalhista atua com “ameaças”, declarando:

— “João se coloca ao lado de Bolsonaro. ‘Eu vou ser essa dita extrema-direita na Bahia’, que tem 70%, 80% de rejeição, mas esse 20% que é firme Bolsonaro vai colar em João Roma. Não vai ser ACM Neto. Tem 20% de Bolsonaro e João Roma, os 60% de Lula e Jaques Wagner, e ACM Neto fica com o quê?”.

PL apoia ACM Neto

José Carlos Araújo, liderança do Partido Liberal (PL) na Bahia — legenda presidida nacionalmente por Valdemar Costa Neto e que tem Jair Bolsonaro como candidato à reeleição — entregou carta de desfiliação nesta quarta-feira (09/03), por discordar dos possíveis acordos do partido no Estado.

O agora ex-presidente do PL na Bahia foi aliado do PT durante parte das gestões de Jaques Wagner e Rui Costa. Para as Eleições 2022, o político reacionário retorna ao campo da direita e mantém aliança com ACM Neto na disputa ao governo da Bahia.

Solidariedade da Bahia no apoio ao magalhismo

Após encontro em Brasília, nesta segunda-feira (08/03/2022), o presidente estadual do Solidariedade, Luciano Araújo, anunciou apoio da legenda à candidatura de ACM Neto (UB) ao governo do estado da Bahia.

Esquerda forma federação

PT, PCdoB e PV decidiram formar uma federação partidária para disputar as Eleições 2022.  A negociação foi selada após quatro meses de debate

“As quatro agremiações, PT, PSB, PCdoB e PV, têm unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente”, informaram os quatro partidos em nota.

A unificação suprapartidária alavanca a candidatura de Lula no plano nacional e no estado da Bahia, consolidando o campo progressista em apoio a majoritária com o nome que PT e aliados definirem.

PSB aguarda ex-governador

A federação formada PT, PSB, PCdoB e PV contou com convite ao PSB.

A legenda aguarda a definição sobre a filiação do político conservador e ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, e indicação do mesmo para compor uma chapa majoritária liderada por Lula para presidente.

Novas pesquisa consolida polarização

A pesquisa eleitoral divulgada nesta quarta-feira (09/03/2022) pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na frente da disputa para presidência da República, com 38,9% das intenções de voto para o primeiro turno das Eleições de 2022. Em segundo lugar aparece o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com 30,9%.

A diferença entre Lula e Jair Bolsonaro reduziu de 11 para 8 pontos percentuais em relação à pesquisa divulgada no dia 2 de fevereiro pelo instituto. Na ocasião, o petista aparecia com 40,1% das intenções de voto, enquanto o atual presidente somou 29,1%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 8 de março. Ao todo, foram ouvidos 2020 eleitores de forma presencial nos 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o grau de confiança é de 95%.

Os dados da pesquisa

  • Lula (PT): 38,9%
  • Jair Bolsonaro (PL): 30,9%
  • Sergio Moro (Podemos): 7,4%
  • Ciro Gomes (PDT): 6,8%
  • João Doria (PSDB): 2,2%
  • Eduardo Leite (PSDB): 1,3
  • André Janones (Avante): 0,7%
  • Simone Tebet (MDB): 0,4%
  • Alessandro Vieira (Cidadania): 0,1%
  • Brancos/nulos: 7,6%
  • Não sabem: 3,6%

O que diz a pesquisa e os dados da reportagem

A análise dos dados indica uma polarização entre a esquerda e a extrema-direita na disputa para presidente da República. Cenário que se repete na Bahia, entre a direita liderada por ACM Neto (UB) e a esquerda, através do candidato do PT e aliados.

Ocorre que na Bahia, alguns dos aliados históricos do bolsonarismo querem manter distância do presidente, sabendo que perdem votos quando associados ao extremista de direita.

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10925 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.