O que se sabe sobre submarino que levava turistas ao Titanic

Buscas estão sendo feitas no norte do Oceano Atlântico para encontrar pequena embarcação com cinco pessoas a bordo.
Buscas estão sendo feitas no norte do Oceano Atlântico para encontrar pequena embarcação com cinco pessoas a bordo.

As guardas costeiras dos Estados Unidos e do Canadá tentam localizar, no Oceano Atlântico, ao longo da América do Norte, um pequeno submarino turístico chamado Titan, desaparecido desde domingo (18/06/2023) e que transportava um grupo de cinco pessoas que iria visitar os destroços do navio Titanic.

A expedição ao Titanic começou na sexta-feira passada, partido da cidade de São João da Terra Nova, no Canadá, a bordo do navio quebra-gelo Polar Prince. No domingo, o Polar Prince chegou à área onde o Titanic afundou, a cerca de 600 quilômetros da costa canadense. O mergulho começou pouco depois, às 6h (horário local).

As buscas estão sendo feitas tanto na superfície, para o caso de o submarino ter retornado, como com um sonar para tentar localizar a embarcação embaixo da água. Para isso estão sendo usados três aviões Hércules C-130, uma aeronave P8 equipada com um sonar, o navio quebra-gelos canadense Kopit Hopson 1752 e um submarino.

“É um desafio conduzir uma busca nessa área remota”, afirmou o comandante da Guarda Costeira dos Estados Unidos, contra-almirante John Mauger.

As buscas ocorrem numa área a cerca de 1.450 quilômetros a leste de Cape Cod, nos Estados Unidos, e a uma profundidade de cerca de 4 mil metros, precisou Mauger. “Estamos usando todos os meios disponíveis para garantir que conseguiremos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, afirmou.

Quando e onde o submarino desapareceu?

O submarino Titan submergiu na manhã de domingo, 18 de junho, e o seu barco de apoio na superfície, o quebra-gelo Polar Prince, perdeu contato com ele cerca de uma hora e 45 minutos mais tarde, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

O submarino foi dado como desaparecido a cerca de 700 quilômetros ao sul da cidade de São João da Terra Nova, capital da província canadense de Terra Nova e Labrador, segundo autoridades canadenses, na área onde ocorreu o naufrágio do Titanic, em 1912.

Quem está a bordo?

A Guarda Costeira dos EUA divulgou que havia um piloto e mais quatro pessoas a bordo do submarino. Ao menos três delas são turistas que pagaram pela viagem, organizada pela empresa OceanGate, que alugou o Polar Prince para o lançamento do Titan.

Entre os turistas está o bilionário empresário britânico Hamish Harding, de 58 anos, segundo a empresa Action Aviation, que é presidida por Harding.

Harding é um explorador e aventureiro que detém três recordes registrados no livro Guinness. A Action Aviation é uma empresa de venda de jatos privados baseada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Também a bordo estão o empresário paquistanês Shahzada Dawood e o filho dele, Suleman, segundo um comunicado da família.

Dawood é o vice-presidente de um dos maiores conglomerados do Paquistão, a Engro Corporation, que tem investimentos em fertilizantes, fabricação de veículos, energia e tecnologias digitais. Ele mora no Reino Unido com a mulher e dois filhos.

Outra pessoa que está a bordo é o explorador francês Paul-Henry Nargeolet, de 73 anos, conhecido como “Mister Titanic”, confirmaram familiares e amigos dele.

A identidade da quinta pessoa a bordo ainda não foi confirmada, mas, segundo a emissora britânica BBC, há relatos de que ela seria Stockton Rush, o presidente da OceanGate.

No sábado, Harding publicou na sua conta na rede social Instagram a seguinte mensagem: “A tripulação do submarino é composta por alguns exploradores lendários, alguns dos quais completaram mais de 30 mergulhos até o Titanic desde a década de 1980”.

Que tipo de submarino é o Titan?

O Titan é capaz de mergulhar a uma profundidade de 4 mil metros com uma “margem confortável de segurança”, segundo uma descrição da OceanGate. Ele é feito de fibra de carbono e titânio.

Segundo a empresa, o Titan já realizou mais de 50 testes de mergulho, inclusive a uma profundidade equivalente à dos destroços do Titanic.

O Titan, que pesa 10 toneladas e tem um comprimento de 6,7 metros, tem uma autonomia de oxigênio de até 96 horas, segundo a empresa. O submersível pode acomodar cinco pessoas, incluindo um piloto.

Ele viaja a uma velocidade de 3 nós. Nó é uma unidade de medida de velocidade equivalente a uma milha náutica por hora, ou seja 1,852 km/h.

O que são as viagens turísticas ao Titanic?

A OceanGate Expeditions, que recentemente confirmou nas suas redes sociais que uma das suas expedições estava em andamento, cobra de seus clientes até 250 mil dólares (cerca de R$ 1,1 milhão) por uma expedição de oito dias e sete noites que inclui um lugar a bordo do seu submarino para ver o famoso naufrágio.

O mergulho até os destroços, incluindo ida e volta, dura em torno de oito horas. Os restos do Titanic estão a uma profundidade de 3.800 metros.

A OceanGate afirma que cada mergulho objetiva também estudar os destroços do Titanic, que estão em decomposição por causa da ação de bactérias que consomem ferro.

O mergulho inaugural ocorreu em 2021. A expedição que desapareceu foi a terceira realizada neste ano.

Os restos do Titanic atraem turistas há décadas. Existem várias empresas que organizam viagens de vários dias ao local onde estão os restos do navio, que chegou a ser descrito em sua época como inafundável.

O mito Titanic

Em 14 de abril de 1912, o Titanic afundou após bater em um iceberg. Seus destroços foram encontrados apenas em 1985 pelo americano Robert Ballard.

Dois anos mais tarde, a empresa Titanic Ventures coletou mais de 1.800 objetos do transatlântico. As imagens de talheres, joias valiosas, peças ornamentais do navio e restos mortais de passageiros despertaram a curiosidade de milhões, principalmente de colecionadores.

Em 1997, o diretor de cinema James Cameron recriou o naufrágio do Titanic, em um filme que se tornou uma das maiores bilheterias da história do cinema e recebeu oito Oscars.

Dez curiosidades sobre o Titanic que poucos conhecem

O RMS Titanic deveria ser um triunfo da engenharia. Construído em Belfast, o navio era o maior do mundo em sua época. Em 1912, o transatlântico de luxo partiu em sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, para Nova York. As pessoas faziam filas para reservar lugares a bordo.

Os preços dos bilhetes de primeira classe variavam, com o mais barato custando 30 libras, o equivalente a cerca de 4 mil euros (R$ 20.500) nos valores atuais. Muitos dos convidados certamente podiam pagar – entre os hóspedes ricos, estava o magnata do setor imobiliário e dono de hotel John Jacob Astor, um dos homens mais ricos do mundo na época, assim como o empresário Benjamin Guggenheim e sua amante. Todos eles queriam fazer história como os primeiros passageiros do Titanic. Outros viam a travessia como uma chance de encontrar uma vida melhor nos Estados Unidos.

Fato é que o Titanic nunca chegaria ao seu destino final. Na noite de 14 de abril de 1912, há exatos 110 anos, a embarcação atingiu um iceberg, e a viagem inaugural terminou num desastre. Muitos mitos e lendas circulam em torno do acidente até hoje. Aqui estão dez fatos sobre o Titanic que você provavelmente não sabia.

1. Sem binóculos à mão

Na fatídica noite de 14 de abril, o marinheiro Frederick Fleet estava de vigia. Ele era um marinheiro experiente que velejava desde os 12 anos de idade. Diz-se que estava muito frio na cabine de comando naquela noite, quando Fleet viu uma massa escura na água – o primeiro avistamento do iceberg – e relatou o perigo a seus superiores. O primeiro oficial respondeu prontamente, mas era tarde demais.

Fleet sobreviveu ao desastre e mais tarde declarou que não tinha binóculos. Os binóculos estavam em um armário trancado, e as chaves haviam sido deixadas com um oficial que não estava a bordo do navio. Parte da tripulação havia sido substituída pouco antes da primeira travessia do Atlântico, e esse oficial estava entre os substituídos. Ele deve ter esquecido de deixar a chave no navio.

2. A banda continua tocando

Assim que o Titanic atingiu o iceberg e ficou claro que o navio iria afundar, o caos reinou, e o ar se encheu de medo e gritos dos passageiros correndo para embarcar nos botes salva-vidas. Os músicos do transatlântico, porém, decidiram tocar no convés. Por mais de duas horas após a colisão, a banda ainda tentava acalmar as pessoas assustadas a bordo. Todos os oito músicos perderam a vida no acidente. Esse gesto comovente da banda pode ser visto no filme de 1997 do diretor James Cameron, Titanic.

3. “Sejam britânicos, rapazes, sejam britânicos”

Nenhum dos engenheiros do Titanic sobreviveu. Dizem que o capitão Edward John Smith incentivou sua tripulação com as palavras: “Sejam britânico, rapazes, sejam britânicos”.

Outros homens, inclusive da primeira classe, também preferiram morrer com honra. O empresário Benjamin Guggenheim teria dito: “Nós nos vestimos com o nosso melhor e estamos preparados para cair como cavalheiros”. O magnata do setor imobiliário John Jacob Astor também teria comentado ironicamente: “Eu pedi gelo, mas agora isso é ridículo”. Ele ajudou uma jovem e uma criança imigrante a entrarem em um bote salva-vidas.

Dos cerca de 2.240 passageiros, apenas 700 sobreviveram ao desastre.

4. Bebendo para se aquecer

O mar naquela noite tinha uma temperatura de cerca de zero grau Celsius, uma temperatura na qual uma pessoa normalmente só poderia sobreviver por no máximo 15 minutos.

Charles Joughin, o padeiro-chefe do Titanic, é um dos sobreviventes mais famosos do desastre. Embora tenha sido escolhido como capitão de um dos botes salva-vidas, ele decidiu desistir de seu lugar, pois já havia marinheiros no bote salva-vidas para dirigi-lo.

Joughin afundou junto com o navio, mas bebeu tanto álcool antes que não sentiu mais o frio da água em que flutuava. Depois de passar duas horas nadando, foi puxado para um bote salva-vidas virado e acabou sendo resgatado por um navio de resgate.

5. Amor no Titanic

A história de amor de Rose e Jack apresentada em Titanic de James Cameron é pura ficção. Mas houve amantes no Titanic que tiveram um fim trágico.

Um exemplo é o do coproprietário da loja de departamentos americana Macy’s e sua esposa: Isidor e Ida Straus. Eles haviam passado o inverno na Europa e estavam voltando para Nova York. A ambos foi oferecido um assento em um bote salva-vidas, mas Isidor recusou – enquanto crianças e mulheres ainda estivessem no navio, ele não queria embarcar.

Sua esposa, Ida, por sua vez, não queria ser resgatada sem o marido e teria dito: “Não serei separada de meu marido. Assim como vivemos, também morreremos juntos”. Várias placas celebram o casal que escolheu compartilhar a morte, incluindo uma na loja de departamentos Macy’s em Nova York.

6. Por que não havia botes salva-vidas suficientes?

O navio deveria ter 32 botes salva-vidas e, embora o número estivesse nos planos do projetista inicial, a empresa de navegação estava convencida de que o navio era seguro e que ter mais botes salva-vidas ocuparia desnecessariamente espaço no convés. Em um navio como aquele, conforto era de extrema importância.

Na verdade, a empresa não violou nenhuma lei de segurança, porque, de acordo com os regulamentos da época, o número de barcos era baseado no peso do navio, não no número de passageiros. Foi um cálculo fatal. Com os 16 botes salva-vidas e quatro botes dobráveis ​que estavam a bordo, apenas 700 pessoas puderam ser resgatadas.

7. A arte prediz a vida

Talvez antes de nomear o navio a vapor Titanic, a companhia de navegação White Star Line deveria ter lido o livro Futilidade ou o naufrágio do Titan, de Morgan Robertson, publicado em 1898.

O romance conta a história de um grande e luxuoso navio chamado Titan, que se chocou contra um iceberg enquanto navegava entre os Estados Unidos e a Inglaterra – assim como o Titanic na vida real.

8. A longa busca pelo navio naufragado

Muitos indivíduos partiram para procurar o Titanic afundado, mas foi somente 73 anos após o desastre, em 1985, que o arqueólogo subaquático Robert Ballard conseguiu localizar o naufrágio no Atlântico Norte e fotografá-lo pela primeira vez. Ele financiou esse empreendimento concordando em procurar os restos de dois submarinos afundados em uma missão secreta da Marinha dos EUA. Ele, então, foi autorizado por 12 dias a usar o equipamento da Marinha para encontrar o Titanic.

A uma profundidade de 3.800 metros, na escuridão eterna, ele encontrou os destroços do antigo transatlântico de luxo. A descoberta veio bem a tempo, pois os micróbios já haviam se instalado no navio e começaram a decompor o Titanic pedaço por pedaço, até ele, por fim, se tornar pó. Cientistas suspeitam que os destroços desaparecerão em 2030. No entanto, a lenda certamente permanecerá.

9. Adaptações cinematográficas conhecidas e não tão conhecidas

A adaptação cinematográfica mais conhecida da história do Titanic é provavelmente o sucesso de bilheteria de James Cameron em 1997. O filme arrecadou 2,5 bilhões de dólares e é considerado um dos filmes de maior sucesso da história do cinema – ganhou 12 Oscars.

Mas também houve outras adaptações cinematográficas. A primeira foi produzida em 1912, mesmo ano em que o navio afundou. Foi intitulada Saved from the Titanic (“Salvo do Titanic”, em tradução livre), e o papel principal foi interpretado por um sobrevivente do desastre. Um filme baseado no Titanic também foi feito na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, mas os nazistas usaram essa versão cinematográfica como ferramenta de propaganda contra os EUA e o Reino Unido.

10. O Titanic em comparação com navios atuais

Desde 1912, muitos navios de passageiros cruzaram o Atlântico, e o Titanic já foi ultrapassado em tamanho por inúmeras outras embarcações. O maior navio de cruzeiro a ser lançado neste ano chama-se Wonder of the Seas (maravilha dos mares). Ele terá uma largura de 66 metros, em comparação com os 28 metros do Titanic. Há também uma clara diferença de altura: o Wonder of the Seas mede 72,5 metros e o Titanic apenas 53 metros.

*Com informações da DW.

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