O Drex, a versão digital do real anunciada pelo Banco Central, está gerando expectativas sobre suas vantagens e desafios. Enquanto alguns veem potencial para facilitar o acesso ao crédito e simplificar transações, como a compra de veículos e imóveis, outros alertam sobre o risco de um maior controle estatal sobre as finanças dos cidadãos.
De acordo com Raphael Moses, professor do Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Drex é essencialmente o real em formato digital, mantendo o mesmo valor que a moeda física. No entanto, ele difere das criptomoedas, como o Bitcoin, por ser controlado e emitido pelo Banco Central.
Especialistas preveem que a tecnologia subjacente ao Drex simplificará, agilizará e reduzirá custos em operações do dia a dia, como a compra e venda de carros. Contratos inteligentes desempenharão um papel crucial, tornando as transações praticamente instantâneas e mais seguras para todas as partes envolvidas.
Christiano Sobral, especialista em direito digital, destaca a possibilidade de o Drex melhorar o acesso ao crédito, permitindo, por exemplo, o lastro de financiamentos em papéis como garantia. Além disso, o real digital poderia ser usado para rastrear o dinheiro em casos de crimes financeiros.
No entanto, há preocupações significativas em relação ao real digital. A centralização completa das informações financeiras dos cidadãos em uma única instituição é vista como uma ameaça à privacidade e à liberdade individual. A experiência do Yuan digital chinês, que permite que o governo imponha um prazo de validade ao dinheiro digital, é citada como exemplo de como a centralização pode ser usada para fins de controle.
Moses acredita que o Banco Central pode trabalhar para limitar seu controle sobre o Drex, enfatizando que seu objetivo principal é facilitar e desburocratizar processos, não monitorar as transações de cada indivíduo. A confiabilidade do Drex será essencial para ganhar a confiança da população, assim como ocorreu com o Pix.
Embora surjam dúvidas sobre por que o Drex é necessário, já que existe o Pix, o Banco Central esclarece que o Pix é um meio de pagamento e transferência instantânea, que continuará em vigor. O Drex, por outro lado, é a moeda brasileira em formato digital, projetado para expandir o escopo de transações, especialmente por meio de contratos inteligentes.
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