O hidrogênio verde emerge como um componente vital para a descarbonização de setores industriais, como transporte, produção de aço, alumínio, cimento e indústria química no Brasil. Camila Ramos, vice-presidente de Investimento e Hidrogênio Verde da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), ressalta que essa fonte energética tem o potencial de redefinir o cenário industrial do país, bem como impulsionar os setores de energia e exportação.
A importância do hidrogênio verde reside na sua capacidade de descarbonizar setores notoriamente difíceis de tornar sustentáveis, como a siderurgia e a aviação. Ramos observa que a siderurgia sozinha representa 12% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Além disso, o setor da aviação é responsável por 2% das emissões globais. O hidrogênio verde pode desempenhar um papel fundamental na redução significativa dessas emissões.
O Brasil, devido ao seu tamanho e recursos naturais, está bem posicionado para capitalizar fontes de energia renovável e produzir hidrogênio verde competitivo. Ramos enfatiza que o país pode não apenas usar o hidrogênio para descarbonizar sua própria indústria, mas também exportar esse recurso e produtos de maior valor agregado, como aço verde, para outras nações.
No entanto, a vice-presidente da Absolar destaca que o setor do hidrogênio verde precisa de incentivos e um marco regulatório claro, semelhante aos programas de incentivo bem-sucedidos para energias alternativas, como biomassa, energia eólica e energia solar implementados nas últimas décadas.
O Congresso Nacional está ativamente buscando estabelecer parâmetros para promover o uso sustentável do hidrogênio verde no Brasil. Projetos de lei, como o PL 1878/2022, em análise no Senado Federal, buscam criar políticas de regulamentação para a produção de hidrogênio verde. Fernando Dueire, senador e membro da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, destaca a importância da segurança jurídica para o investimento nesse setor. A regulamentação visa promover o desenvolvimento de hidrogênio de baixo carbono e incentivos financeiros, como a emissão de debêntures incentivadas.
Na Câmara dos Deputados, o relatório preliminar para a criação do Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono já foi apresentado e está sendo discutido com urgência. A indústria do hidrogênio verde está no limiar de uma nova era, com expectativas de inovação industrial e redução significativa das emissões de gases de efeito estufa.
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