Na esteira da operação Hora da Verdade, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira (08/02/2024), um dos alvos destacados é o empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do general João Batista Figueiredo, último presidente militar após o golpe de 1964. Segundo as autoridades policiais, Figueiredo Filho é suspeito de participar ativamente de uma suposta operação de “propagação de desinformação golpista e antidemocrática”.
Juntamente com figuras como o general Braga Netto e outros militares, Figueiredo Filho integrava um núcleo identificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como responsável por incitar militares à adesão a planos golpistas. Os diálogos interceptados pela PF entre Figueiredo Filho e outros membros do grupo revelam uma coordenação para expor e pressionar militares que resistissem aos intentos golpistas.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, detalhou em seu relatório que o grupo atuava na escolha de alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas. Esses ataques eram disseminados em múltiplos canais e por influenciadores com autoridade perante a audiência militar.
Figueiredo Neto, economista e ex-participante de programas de rádio e TV, é apontado pela PF e pelo STF como um dos agentes centrais na propagação de desinformação golpista e antidemocrática. Importante ressaltar que o general João Batista Figueiredo, antes de assumir a presidência, comandava o Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão responsável pela espionagem durante a ditadura.
Segundo as investigações, o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto desempenhou papel crucial na organização de reuniões e na elaboração de documentos que pressionavam militares a aderir aos planos golpistas. Além disso, há indícios de que os envolvidos buscaram suprimir provas das condutas ilícitas, sugerindo uma ação típica de organização criminosa.
A decisão de Alexandre de Moraes também ressalta a existência de um documento que serviria como um manifesto de oficiais superiores do Exército, incluindo ameaças de atuação armada. Esse documento foi compartilhado entre os membros do grupo e divulgado em redes sociais e programas de rádio e televisão.
Embora a PF tenha solicitado a prisão preventiva de Figueiredo Filho, a determinação de Moraes proíbe apenas o contato com os demais 32 investigados no esquema de preparação do golpe de Estado.
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