O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, adotou uma postura desafiadora em relação às denúncias de abusos policiais na Baixada Santista, durante a Operação Verão. Em declarações nesta sexta-feira (08/03/2024), Freitas afirmou não se importar com investigações, inclusive da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre a conduta da Polícia Militar na região. A situação é tensa na área desde o ano passado, com um aumento significativo no número de mortes causadas por policiais militares em serviço, o que levantou preocupações sobre os direitos humanos e a segurança pública.
As declarações do governador surgiram em meio a crescentes críticas e investigações sobre a letalidade policial na Baixada Santista. Entre janeiro e fevereiro deste ano, policiais mataram 57 pessoas na região, em comparação com dez mortes no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Essa escalada preocupante de violência policial levou à apresentação de uma denúncia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU por organizações como a Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns, que acusaram o governo estadual de investir em uma política deliberada de violência contra grupos marginalizados, especialmente negros e pobres.
Apesar das críticas e das investigações em andamento, o governador Freitas defendeu veementemente as operações policiais, argumentando que elas têm sido conduzidas com inteligência e alvos específicos, visando restabelecer a ordem. Ele destacou o profissionalismo da polícia e lamentou que as críticas frequentes à instituição possam desacreditar o trabalho dos agentes, que, segundo ele, arriscam suas vidas diariamente para proteger a sociedade.
Contudo, as operações da Polícia Militar na Baixada Santista têm enfrentado resistência e contestações por parte de diversas entidades de direitos humanos. Relatos de intimidação, violações de direitos e manipulação de cenas de crime têm alimentado as preocupações sobre a conduta policial na região. O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, ressaltou a importância das denúncias e defendeu a suspensão da Operação Verão devido às graves violações relatadas.
Além disso, o Ministério Público abriu uma investigação sobre a conduta dos policiais, especialmente relacionada à preservação das cenas de crime e ao transporte de vítimas para hospitais antes da realização da perícia. Essas ações comprometem a integridade das investigações e dificultam a responsabilização por eventuais abusos policiais. Freitas, por sua vez, criticou as denúncias como irresponsáveis e carentes de evidências sólidas, destacando o contexto desafiador em que os policiais operam na região.
*Com informações da Agência Brasil.
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