A atividade turística em Salvador

Juarez Duarte Bomfim.
Juarez Duarte Bomfim.

O turismo é uma das atividades mais dinâmicas e com taxas de crescimento mais elevadas, taxas essas acima da média, comparando com outros setores e atividades. Na Bahia, o aumento contínuo do fluxo turístico estimula investimentos em infra-estrutura e equipamentos, o que favorece a atração cada vez maior de visitantes e suscita mais inversões financeiras, numa espiral em constante expansão.

A importância que a atividade turística assumiu na virada para o século XXI no estado da Bahia é fundamental para o desenvolvimento econômico regional.

No caso de Salvador, o interesse pelo desenvolvimento do turismo local faz parte de um processo de redefinição econômica e territorial de capital e sua região metropolitana. A industrialização que se inicia nos anos 1960 orienta a instalação dos complexos industriais para fora do município, destinando essa urbe para funções terciárias, dando-se relativa prioridade a intensificação da atividade turística.

Falar de turismo quer dizer falar de relações turísticas, e relações turísticas são o complexo de relações e fenômenos relacionados com a permanência de visitantes em uma localidade, pressupondo-se que estes não exerçam atividade profissional permanente, temporária ou remunerada. E o turista é aquele que visita uma outra localidade e nela permanece mais de 24 horas e menos de 6 meses por ano – diferente dos excursionistas, visitantes temporários que permanecem um período inferior a 24 horas no local visitado, como os viajantes de cruzeiros marítimos. Porém, em algumas localidades é numerosa a quantidade daqueles que são classificados como “turistas de um dia”.

Em outros termos, são considerados turistas aquelas pessoas cujos objetivos e motivações de viagem são múltiplos, o que compete classificações como: turismo de ócio e lazer, esse tipo associado ao imaginário humano como turismo de sol & praia; turismo de visitas a familiares; turismo cultural, cuja principal motivação é a peregrinação por locais de patrimônio artístico, histórico, arqueológico e cultural; turismo de saúde, para tratamento em centros de reconhecida excelência, ou na crença curativa de atributos naturais (estações termais, locais de ar puro, areias monazíticas etc.); turismo esportivo, para prática de esportes oferecidos pela infra-estrutura local; turismo de congressos, conferências; turismo de negócios, de missões, cujos profissionais de organizações ou autônomos viajam para estabelecer relações comerciais ou de trabalho – o principal motivo de visitação a uma cidade como São Paulo, por exemplo; ecoturismo, ou turismo ecológico, em franca expansão; turismo rural, estada em fazendas, chácaras e sítios, passeios a cavalo etc.

E as motivações vão especializando-se conforme a sociedade humana vai evoluindo e mudando hábitos, valores, comportamentos. Algumas instituições de ensino superior brasileiras chegam a oferecer, por exemplo, eventos denominados de turismo acadêmico, com visitação a universidades e centros de pesquisas estrangeiras. Em 2006 uma milionária iraniana (naturalizada americana) fez turismo espacial, ao pagar cerca de US$ 20 milhões para viajar a bordo de uma nave Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional, onde permaneceu durante duas semanas do mês de setembro de 2006. E há o tão famoso turismo sexual – moralmente condenável pelo seu caráter de exploração social.

Para uma melhor compreensão do fenômeno turístico, sua organização e planejamento, é necessário concebê-lo como um sistema, isto é, um conjunto de elementos que estabelecem relações entre si a partir das suas atribuições. A análise do turismo como sistema justifica-se pela diversidade dos componentes que configuram, produzem e determinam a dinâmica turística em seu conjunto, que termina por requerer das políticas públicas e das estratégias empresariais competitivas uma articulação sistêmica.

Podem-se distinguir quatro elementos ou partes que compõem o sistema turístico: o turista, agente social que move o sistema, que é consumidor e cliente dos serviços oferecidos; os mecanismos públicos e privados que comercializam os recursos turísticos, convertendo-os em produtos e possibilitando a satisfação dos turistas; os sistemas de transporte, conexão e mobilidade turística, que organizam o elo entre o espaço emissor e o mercado receptor, através de articulação com os provedores dos serviços turísticos; o destino ou território, que possui prestígio mais ou menos reconhecido nos cenários de grande concorrência pela atração de fluxos turísticos.

O ambiente do sistema é aquilo que está situado “fora” dele. Não apenas o ambiente é alguma coisa que está fora do controle dos sistemas, mas também é algo que determina, em parte, o seu funcionamento. Um sistema organizacional rígido não pode sobreviver se não responder eficazmente às mudanças no ambiente. E as mudanças no ambiente ocorrem tão rápidas que este parece estar vivendo sempre em uma situação de permanente turbulência.

Daí que, para a sobrevivência e crescimento, faz-se necessário aos agentes turísticos tomarem as decisões acertadas, num curto espaço de tempo, objetivando um permanente bom relacionamento com o ambiente. Para tanto, a informação se torna a ferramenta essencial para o planejamento da atividade turística, dos negócios turísticos, da tomada de decisões.

Crises econômicas levam a população a cortar gastos com viagens, lazer e entretenimento; cenário político incerto adia a tomada de decisão dos consumidores; ameaça de atentados terroristas e a imagem de insegurança do possível destino turístico pode resultar em redução do fluxo turístico.

Exemplos? A questão cambial: a baixa do dólar aumenta as viagens dos brasileiros para o exterior, por outro lado o encarecimento do turismo no Brasil para americanos e europeus, com a valorização da moeda nacional pode retrair o turismo estrangeiro. E a recíproca é verdadeira: situação inversa pode resultar em cenários diametralmente opostos.

Todavia, no caso de Salvador, há uma possibilidade de se criarem fatores constantes entre tantas variáveis: a continuidade dos programas de dotação de infra-estrutura; expansão da rede hoteleira; a recuperação ampliada do Centro Histórico de Salvador e a sua manutenção, entre outras medidas, podem consolidar a capital da Bahia como importante centro turístico internacional.

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Sobre Juarez Duarte Bomfim 726 artigos
Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tem trabalhos publicados no campo da Sociologia, Ciência Política, Teoria das Organizações e Geografia Humana. Diversas outras publicações também sobre religiosidade e espiritualidade. Suas aventuras poético-literárias são divulgadas no Blog abrigado no Jornal Grande Bahia. E-mail para contato: juarezbomfim@uol.com.br.

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