O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda-feira (9/08/2010) o fortalecimento da economia dos países latino-americanos. Disse ainda, que o Brasil, por manter uma política econômica estável, tem o dever de ajudar os parceiros e outras nações bem menos favorecidas.
“Em uma política comercial correta deve haver equilíbrio. O Brasil só ficará mais rico se os seus vizinhos tiverem uma economia mais desenvolvida. Quanto mais um país da América Latina crescer, mais o Brasil cresce […] O País não tem que ter medo de ver seus parceiros fortalecidos”, afirmou o presidente durante encontro empresarial Brasil-El Salvador, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para exemplificar sua declaração, Lula citou a relação comercial com o Paraguai. Ele defendeu o financiamento pelo Brasil de uma linha de transmissão de energia que beneficiará a capital paraguaia, Assunção. De acordo com Lula, esta é a melhor forma de convencer o povo paraguaio de que o acordo de Itaipu é justo para os dois lados.
O presidente também voltou a defender a produção do etanol além das fronteiras brasileiras como alternativa econômica para El Salvador. Para Lula, a produção do combustível em terras salvadorenhas facilitaria a entrada do biocombustível no mercado norte-americano sem pagar tarifa.
Atualmente, a Casa Branca cobra taxa de US$ 0,54 por galão de etanol brasileiro. Como El Salvador possui acordo de livre comércio com os Estados Unidos, o produto entraria isento.
Lula até brincou com a situação, dizendo que assim os Estados Unidos evitariam o uso de milho na produção do etanol. O cereal é a principal fonte norte-americana para o combustível. “Quem gosta de comer milho é frango”, disse arrancando risos da plateia de 600 pessoas, entre empresários dos dois países, autoridades e população.
Esquerda X setor privado
Há pouco tempo à frente do governo de El Salvador, Mauricio Funes destacou a gestão do governo Lula como modelo a ser seguido, e o classificou como o “melhor líder do mundo”. Funes também declarou que se espelha no presidente brasileiro para conseguir o apoio do setor privado de seu país.
Assim como Lula, Mauricio Funes também é de esquerda. “Quando se é de esquerda você tem que ter trabalho redobrado para conseguir a confiança dos empresários”, explicou o salvadorenho.
Antes da declaração de Funes, Benjamin Steinbruch, no exercício da presidência da Fiesp – que também comanda uma das principais empresas siderúrgicas do mundo, a CSN –, afirmou que pela primeira vez o Brasil está “forte e com uma economia pujante”.
“Esses resultados foram conquistados graças às políticas públicas adotadas pelo governo Lula e incentivos para o aumento do consumo interno”, disse Steinbruch. “Durante os oito anos de governo, Lula ganhou a confiança da população e dos empresários […] O maior legado desses oito anos do governo é a demonstração de que o Brasil pode caminhar com suas próprias pernas”, completou.
Lula declarou ainda quem os empresários nunca ganharam tanto dinheiro como agora, e destacou o relacionamento do governo com o setor privado. “Já vim mais na Fiesp do que fui à CUT (Central Única dos Trabalhadores) em oito anos. Certamente, porque santo de casa não faz milagre”, disse.
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