Em depoimento prestado hoje (13/04/2015) ao juiz federal Sérgio Moro, um dos delatores da Operação Lava Jato, Júlio Camargo, disse que não lembrar de ter conversado com o doleiro Alberto Youssef sobre requerimentos que foram representados na Câmara dos Deputados para investigar empresas que pararam de pagar propina. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), existem indícios de que os requerimentos foram apresentados pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-AL), em 2011.
“Eu li isso, o senhor Alberto Youssef falou. Eu não me recordo de ter dito isso a ele. Como ele também fez várias declarações, já alertei inclusive ao Ministério Público coisas que ele falou – que eu tenho conta na Itália, que tinha altas somas no exterior, que eu fechei todos os contatos de câmbio na corretora Ágora – e fez várias informações que não procedem”, disse Camargo.
Perguntado novamente por Moro se falou ou não com o doleiro sobre os requerimentos, o empresário esclareceu: “Eu nunca entrei em detalhes com o senhor Alberto Youssef, então, possivelmente, eu diria para o senhor que eu não falei. Eu não me lembro”.
A polêmica sobre o autor dos requerimentos gira em torno do depoimento de delação premiada de Youssef. Aos investigadores, Youssef informou que o empresário Júlio Camargo disse a ele que Cunha apresentou requerimentos em uma comissão da Câmara dos Deputados para investigar as empresas Toyo e Mitsue, que teriam deixado de pagar propina.
Para a defesa de Cunha, a procuradoria “esqueceu” de transcrever o trecho no qual o doleiro enfatiza as circunstâncias em que ouviu os supostos fatos. De acordo com o advogado Antônio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República, a PGR não anexou ao pedido de abertura de inquérito trecho do depoimento no qual Youssef afirmou que nunca teve contato com Eduardo Cunha e não vivenciou os fatos que relatou.
Cunha sustenta que os requerimentos não foram apresentados por ele, mas por Solange Almeida, ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito, município do estado do Rio. Sobre a deputada, Júlio Camargo disse que não a conhece. “A deputada Solange, eu nunca ouvi falar. Se ela entrar aqui hoje, não sei quem é. Também não entendi, como a Mitsue também não entendeu”, disse.
Semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que o depoimento de um ex-diretor do Centro de Informática (Cenin) da Câmara “reforça suspeitas” de que Cunha foi o autor de requerimentos para pressionar empresas investigadas na Lava Jato.
*Com informações da Agência Brasil.
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