Pantanal passa de 15 mil focos de incêndio, pior número registrado pelo Inpe; Ecocida Jair Bolsonaro diz que Brasil está de parabéns por preservação ambiental

Pantanal passa de 15 mil focos de incêndios registrados até setembro de 2020.
Pantanal passa de 15 mil focos de incêndios registrados até setembro de 2020.

O Pantanal brasileiro chegou na quarta-feira a 15.756 focos de incêndio até o mês de setembro de 2020, o maior número de queimadas desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar números.

Comparado com 2005, o pior ano da série histórica até então para o período, o número de focos acumulados em 2020 é 56% maior.

Apenas nesta primeira metade do mês de setembro, o número de focos detectados pelo Inpe já é quase duas vezes maior do que em todo o mesmo mês de 2019. No acumulado de janeiro e 16 de setembro, o focos de incêndio aumentaram 208% ante igual período do ano passado, segundo o Inpe.

No meio dos incêndios, a fauna nativa –uma das mais diversas do mundo, com 1.200 diferentes espécies de animais, 36 ameaçadas de extinção– é a que mais sofre. Onças, cobras, macacos, cobras e até jacarés povoam as imagens do desastre ambiental causado pelo fogo. O biologista Rogério Rossi, da Universidade Federal do Mato Grosso, afirma que no mínimo mil animais já morreram queimados.

O bioma tem batido recordes atrás de recordes de incêndios este ano e a reação começou tarde. Apenas em agosto o governo federal tentou organizar uma reação e foram enviados aviões e contratados brigadistas para combater os incêndios.

O fogo já destruiu 15% da região, com 2,3 milhões de hectares no que é a maior área úmida do mundo. O fogo já destruiu um refúgio de araras azuis, animal em extinção, e chegou às áreas de proteção de onças pintadas.

Em entrevistas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o próprio presidente Jair Bolsonaro atribuem o desastre na região a uma combinação de fatores que seriam quase um acaso: uma seca mais forte que anos anteriores e um acúmulo de vegetação seca, que pegaria fogo mais facilmente.

Em agosto, Salles concordou com agricultores, durante uma visita a Poconé, que a proibição de queimadas controladas, que limparia o pasto seco, poderia ser uma das razões para o descontrole registrado este ano.

A Polícia Federal, no entanto, investiga cinco fazendeiros da região por suspeita de terem iniciado propositalmente o fogo em zonas remotas, dentro de áreas de proteção ambiental, com objetivo de expandir as áreas de pastagem. Os cinco são donos de áreas onde os incêndios começaram.

O governo agora aposta nas chuvas para remediar a situação, ainda fora de controle. O período úmido, no entanto, começa mesmo a partir de novembro.

Em meio a queimadas e desmatamento, presidente Jair Bolsonaro diz que Brasil está de parabéns por preservação ambiental

Em meio a dados oficiais do governo que mostram expressiva alta nas queimadas na Amazônia e no Pantanal, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o Brasil “está de parabéns” pela forma com que preserva o meio ambiente.

Em discurso durante inauguração de usina de energia solar na Paraíba, Bolsonaro afirmou que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e, ao mesmo tempo, sofre ataques internacionais na questão ambiental.

“O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. E é o país que mais sofre ataques vindos de fora no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns da maneira como preserva esse seu meio ambiente”, discursou o presidente.

Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao governo federal, mostram que, no Pantanal, neste ano foram registrados 15.756 focos de incêndio até quarta-feira, um crescimento de 208% em relação ao mesmo período do ano passado. Na Amazônia são 67.290 focos, 12% a mais que em 2019, que já foi o pior resultado desde 2010.

Além disso, também de acordo com dados de monitoramento do Inpe, o desmatamento da Amazônia brasileira saltou 34,5% nos 12 meses até julho, ano-calendário oficial que o Inpe usa para medir o desmatamento anual da floresta, segundo dados preliminares.

O governo Bolsonaro é criticado por ambientalistas que afirmam que a defesa do presidente da exploração econômica da região amazônica incentiva a ação ilegal de madeireiros, grileiros e garimpeiros. Apontam ainda que a atual gestão federal desmontou e enfraqueceu órgãos e mecanismos de fiscalização ambiental.

O presidente, por sua vez, critica organizações não-governamentais de defesa do meio ambiente e diz que a exploração econômica é necessária para tirar a região da pobreza.

O aumento das queimadas e o elevado índice de desmatamento tem levado investidores estrangeiros a pressionarem o governo brasileiro a tomar mais ações na defesa ambiental.

Nesta semana, oito governos europeus enviaram uma carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, cobrando que o país tome “ações reais” contra o desmatamento da Amazônia, apontada como crucial para conter as mudanças climáticas.

*Com informações de Eduardo Simões e Lisandra Paraguassu, da Agência Reuters.

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