Édson Lodi lança o livro ‘Eu Vi a Lua: Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras’, em Salvador | Por Juarez Duarte Bomfim

‘Eu vi a lua. Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras’, de Édson Lodi
‘Eu vi a lua. Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras’, de Édson Lodi

O poeta e escritor Édson Lodi lançará o seu livro Eu Vi a Lua – Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras” em Salvador da Bahia, na terça-feira (15/02/2022), a partir das 19:30 horas, no Hotel Casa Di Vina, Principado de Itapuã – como Vinicius de Moraes denominava aquele formoso bairro praieiro.

Para a memorável noite, está sendo organizado uma apresentação musical com a participação das cantoras Juliana Alves, Lane Quinto, Flávia Wenceslau, Kekedy Lucie, Guida Moira e os virtuoses instrumentistas Amadeu Alves e Fabrício Rios.

(Devido a pandemia e para os cuidados necessários com a saúde, haverá restrição de público para este evento).

Eu Vi a Lua – Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras

O livro apresenta a beleza do semblante feminino permeado de lutas e vitórias, através das histórias de 12 mulheres que encontraram no Chá Hoasca (Daime, Vegetal) inspiração de vida e caminho espiritual.

Gentilmente, o amigo Édson Lodi me enviou um exemplar do livro. Com a leitura atenta, muito me emocionou a história de vida e causos narrados destas digníssimas senhoras ayahuasqueiras.

Por motivos de ordem pessoal, afetivo, destaco no livro alguns momentos: o sensível e tocante encontro de 2 lideranças espirituais, uma moradora de Rio Branco – Acre; a outra moradora de Porto Velho – Rondônia. Madrinha Peregrina, Dignatária do Alto Santo e Mestre Pequenina, membro do Quadro de Mestres da União do Vegetal.

Ah… e a história de vida de dona Mira (já falecida), nossa irmã de fé da ‘Casa de Jesus – Fonte de Luz’ e amiga da minha amada consorte, no Capítulo intitulado ‘O outro lado do rio. A história de Mira’. Leiam. Leiam.

Edson Lodi é conhecedor de causa. Fala e escreve do que conhece e sente. Imerso no universo ayahuasqueiro já há muitas décadas, pela sua função de representante de relações institucionais da UDV, é uma especie de ‘diplomata’ da ayahuasca – permitam-me o uso desta expressão. Lodi é amigo e frequentador das casas de religiões tradicionalistas ayahuasqueiras.

Além de poeta e escritor, Édson Lodi é integrante do Quadro de Mestres da UDV e membro do Conselho da Administração Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

Resenha do livro ‘Eu vi a lua’, por Onides Bonaccorsi Queiroz

Ninguém melhor para apresentar este  livro aos leitores, do que a querida confrade Onides Bonaccorsi Queiroz, escritora, poeta e jornalista ayahuasqueira.

Onides Bonaccorsi Queiroz

Onides Bonaccorsi Queiroz

Edson Lodi e Juarez Bomfim
Edson Lodi e Juarez Bomfim

Fala Onides:

“Como um homem deve se inserir na esfera do feminino? Com respeito. Recomenda-se que pise macio nesse terreno, e mantenha-se atento. Pois o feminino é, por natureza, o subjetivo, o não declarado. Desdobrado, entretanto, de sentidos, tão influente e sutil quanto a força que rege as marés.

“Diante da presente obra, podemos supor que Edson Lodi tenha dedicado um considerável contingente de horas em observação a esse universo, e que a empreita o tenha impressionado, a ponto de inspirá-lo ao fazer literário.

“E eis que, em vigília curiosa e concentrada, ele contempla, em seus relatos, mulheres de origens, historicidades, personalidades e atuações diversas, visitando as amazônidas e as estrangeiras, as tímidas e as desenvoltas, as oprimidas e as emancipadas, as donas de casa, as mães, as professoras, as conselheiras, as caboclas, as companheiras.

“Ana Maria, Anne, Bety, Dionéa, Else, Eulália, Guiomar, Izabel, Joseanne e Mira, além das grandes senhoras Peregrina e Pequenina, reunidas em torno de um traço comum: o fato de que, em algum momento de suas trajetórias, passaram a integrar uma comunidade ayahuasqueira ou com ela estabelecer algum nível de vínculo. E, então, a experiência com o chá da floresta direcionou ou ressignificou suas vidas.

“Em incursão digna de nota, Lodi vai, por exemplo, às matriarcas, e descreve, numa narração delicada e reverente, encontros mais que históricos, memoráveis, também plenos de significados e solidariedade, entre duas delas: Mestre Pequenina, viúva de Mestre Gabriel, e Madrinha Peregrina, viúva de Mestre Irineu, ambas zeladoras de duas eminentes linhagens brasileiras da ayahuasca, a União do Vegetal e a doutrina do Daime.

“Ao examinar o contexto microcósmico de cada uma das suas realíssimas personagens, Edson identifica anseios, temores, fragilidades, responsabilidades e desafios. Mas encontra, sobretudo, superações.

“É que, ao longo dos anos, a mulher edifica sua resistência íntima: aprende a lidar com frustrações, eleva sua tolerância à dor – perguntem a qualquer dentista –, desenvolve o discernimento de quais são os sacrifícios que valem o emprego da sua energia vital, alimenta amizades valorosas e decide entregar a sua bondade também a si própria, permitindo-se a alegria, o germinar de sonhos, o prazer e as realizações.

“Perpassada pelo fio luminoso da ayahuasca, essa travessia transforma, muitas vezes anonimamente, mulheres comuns em notáveis artífices da paz e do amor, autênticas heroínas de si e da humanidade.

“Em passo consonante, muitos homens, buscando uma vivência mais gratificante, estão despertando para a necessidade de se conectar com o seu feminino interno. Já que tudo na natureza é composto dessas polaridades, e até mesmo Deus apresenta sua face feminina: a Senhora Mãe.

“Daí a pertinência desta antologia, desde o feliz título, emprestado de um dos contos. Pois a Mãe Divina está, em muitas vertentes ayahuasqueiras, relacionada com o satélite natural da Terra. O que nos leva a presumir, portanto, que “Eu vi a lua” constitua também uma metáfora para o curso de investigação do autor, como se, ao contatar mais demoradamente o feminino – celestial e humano –, Edson declarasse: “Eu te enxergo”. Gesto de verdadeira religiosidade e benevolência, que certamente contribui para suplantar a invisibilidade e o preconceito que tantas mulheres ainda enfrentam.

“Todos somos favorecidos com esse exercício de ampliação da consciência. E é precisamente do cultivo dessa gama de atitudes relacionadas ao carinho e ao cuidado, identificadas com o ambiente feminino, que o mundo está mais necessitado neste momento evolutivo. Urge a compaixão, a proteção, o acolhimento, a inclusão, o compartilhamento, a nutrição, enfim, todas as expressões da preservação da vida, práticas que correspondem exatamente aos saberes ancestrais femininos.

“Mestre Edson, na preciosa lavra poético-existencial aqui apresentada, dá mostras de estar envolvido com esse fundamental movimento de integração do ser: o rico e infinito processo do reconhecimento mútuo e da harmonização entre elementos opostos e complementares, que constrói uma vida mais fecunda para todos. E convida gentilmente os seus leitores, homens e mulheres, a participarem dessa jornada” ( Texto publicado originalmente no Blog da UDV).

O que: Lançamento do livro ‘Eu vi a lua. Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras’, de Édson Lodi, Editora Pedra Nova.

Onde: Hotel Di Vina. Rua Flamengo, 44, Itapuã, Salvador, Bahia

Quando: terça-feira, 15 de fevereiro de 2022, a partir das 19:30h.

*Juarez Duarte Bomfim, sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

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Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tem trabalhos publicados no campo da Sociologia, Ciência Política, Teoria das Organizações e Geografia Humana. Diversas outras publicações também sobre religiosidade e espiritualidade. Suas aventuras poético-literárias são divulgadas no Blog abrigado no Jornal Grande Bahia. E-mail para contato: juarezbomfim@uol.com.br.