Pesquisador Ruy Braga apresenta na obra “A Política do Precariado” análise marxista do capitalismo no Brasil, com recorte sobre o período do populismo fordista ao lulismo hegemônico

A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista, obra de autoria de Ruy Braga.
A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista, obra de autoria de Ruy Braga.

O sociólogo Ruy Braga, renomado professor da Universidade de São Paulo, apresenta no livro “A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista” uma abordagem inovadora para compreender a história social do Brasil, desde o período do populismo fordista até a atual era do lulismo hegemônico. Nessa obra, o autor utiliza uma perspectiva crítica baseada na sociologia marxista, destacando o conceito de “precariado” como parte integrante da classe trabalhadora. Lançada em dezembro de 2013, a obra ganha novo significado com o retorno do Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República.

O livro examina a relação entre o proletariado precarizado e a hegemonia lulista, questionando as políticas públicas federais implementadas nas últimas décadas, que alimentaram a ideia de superação da crise através do aumento do consumo popular. Inspirado pelas análises perspicazes de Francisco de Oliveira, Braga busca compreender a despolitização da classe trabalhadora como consequência do governo petista.

Dividido em quatro capítulos, a obra aborda tanto os processos econômicos estruturais, como a transição do fordismo periférico para o pós-fordismo financeirizado, quanto a dimensão subjetiva do proletariado precarizado. Um capítulo em particular se dedica a estudar os teleoperadores da indústria de call center, representantes do atual precariado brasileiro, evidenciando a importância de compreender a subjetividade desse grupo na análise da hegemonia em questão.

Ruy Braga também traz uma perspectiva inovadora ao refletir sobre a política do precariado antes e depois do golpe militar, argumentando que o lulismo representa uma superação do populismo, no sentido hegeliano de negação, conservação e elevação a um patamar superior. Sua pesquisa destaca a instabilidade subjacente à hegemonia lulista, apontando para um consentimento passivo das massas seduzidas por políticas redistributivas e ganhos salariais modestos, além de um consentimento ativo das direções sindicais, atraídas por benefícios materiais e posições no aparato estatal.

A atenção cuidadosa de Braga à subjetividade do proletariado precarizado e sua análise crítica dos limites do modelo de desenvolvimento brasileiro fazem dessa obra uma leitura obrigatória para aqueles que desejam compreender e transformar o momento presente. O livro desafia consensos estabelecidos, sendo descrito por Michael Löwy, autor do prefácio, como “eminentemente radical, crítica e subversiva”.

Sobre o autor

Ruy Gomes Braga Neto, autor da obra, é um destacado sociólogo brasileiro especializado em sociologia do trabalho. Além de professor livre-docente da USP, Braga ofoi vice-diretor do departamento de sociologia da universidade e presidente da Comissão Geral de Recursos Humanos da FFLCH-USP. A tese de livre-docência, “A Política do Precariado”, foi finalista do prêmio Jabuti em 2013, na categoria de ciências humanas. Ele também é editor das revistas científicas e palestrante.

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