Em uma iniciativa surpreendente, mais de 250 bilionários e milionários de 17 países emitiram uma carta desafiadora durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na quarta-feira (17/01/2024). O apelo direto foi à elite política global, instando-os a elevar os impostos sobre suas fortunas, uma medida vista como essencial para enfrentar as crescentes disparidades socioeconômicas e permitir melhorias nos serviços públicos em âmbito mundial.
A carta, cujos signatários incluem figuras proeminentes como Abigail Disney, herdeira do império Disney, e o ator Simon Pegg, questiona a inação dos representantes eleitos diante da questão da taxação da riqueza extrema nos últimos três anos. Alerta para as consequências catastróficas que a persistente desigualdade econômica pode gerar na sociedade e enfatiza a necessidade urgente de medidas corretivas.
Os super-ricos, cientes de seu papel na formação de startups, no impulsionamento dos mercados de ações e no fomento do crescimento econômico sustentável, reconhecem a necessidade de ação imediata. A desigualdade atingiu um ponto crítico, ameaçando a estabilidade econômica, societal e ecológica. Entre os signatários, o brasileiro João Paulo Pacífico, fundador do grupo de investimentos Gaia, destaca-se por seu compromisso social.
A mensagem central da carta é clara: os super-ricos desejam ser taxados e estão cientes de que essa medida não afetará drasticamente seus padrões de vida, nem prejudicará suas crianças ou as economias de suas nações. O intuito é transformar a riqueza extrema e improdutiva em investimento para garantir um futuro democrático comum. A carta, intitulada “Orgulhosos em Pagar”, busca ser entregue diretamente aos líderes mundiais presentes em Davos.
Uma pesquisa recente, realizada pelo grupo Patriotic Millionaires nos Estados Unidos, revelou que 74% dos super-ricos apoiam o aumento de impostos sobre suas fortunas para combater a crise no custo de vida e melhorar os serviços públicos. Mais de 2,3 mil pessoas em 20 países foram entrevistadas, todas pertencentes ao grupo dos 5% mais ricos do mundo.
O relatório da Oxfam apresentado em Davos adiciona um alerta contundente sobre o aumento das desigualdades. As fortunas dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobraram desde 2020, enquanto 5 bilhões de pessoas viram sua situação financeira deteriorar-se. O apelo por uma resposta urgente à disparidade econômica global ganha destaque em meio a um cenário onde, segundo a Oxfam, seriam necessários 229 anos para erradicar a pobreza global.
*Com informações da DW.
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