Aquecimento global ferve Paris e seca o Mediterrâneo

CHICAGO. Paris vai ferver e boa parte do Mediterrâneo secará. De acordo com um novo estudo que alerta sobre os efeitos do aquecimento global na Europa, os dias mais quentes da atualidade serão os mais frescos no fim do século 21 se for mantido o ritmo atual de emissões de dióxido de carbono.

As ondas de calor, como a que matou 15 mil pessoas na França em 2003, serão cada vez mais intensas e comuns à medida que o número de dias quentes aumentar entre 200% e 500%.

Isso equivale a 49 dias de calor intenso adicionais em Paris, 48 a mais em Atenas e Valência, e um acréscimo de 55 em Tel Aviv.

– Ninguém vai querer estar aqui no verão – lamentou o co-autor da pesquisa, Jeremy Pal, em entrevista no Centro Internacional de Física Teórica em Trieste, Itália.

O estudo traz a primeira previsão do que as cidades da região mediterrânea vão sofrer à medida que as temperaturas subirem, numa média de três graus em 2100.

O Mediterrâneo é uma das regiões mais suscetíveis à mudança climática e espera-se que esquente e seque mais que outras áreas.

Os cientistas construíram um modelo para medir o impacto do aquecimento global em pequenas áreas e encontraram grandes diferenças entre várias partes do Mediterrâneo.

As temperaturas subirão em grande escala na França, com altas diárias de até 8,5 graus, em comparação com aumentos de quatro a sete graus em outros países.

As zonas úmidas costeiras serão mais afetadas que as terras no interior do continente, enquanto as áreas mais elevadas, como os Alpes, levarão a melhor.

O número de dias em que o índice de calor atingirá níveis perigosos aumentará em 40 ao ano nas regiões costeiras da Espanha e de Portugal, no Sul da Itália e em boa parte das margens Sul e Leste do Mediterrâneo, estimou o estudo.

No interior da Espanha e no Sul da França haverá de 20 a 30 dias de calor perigoso adicionais, enquanto boa parte da Europa sofrerá entre 10 e 15 dias extras.

– Estas são temperaturas muito preocupantes – advertiu Pal, professor da Universidade Loyola Marymount, na Califórnia. – Em um ano extremo, podemos falar de dois meses a mais desta forma.

O estudo mostra que se as emissões de dióxido de carbono forem reduzidas de forma significativa será possível diminuir a intensidade das ondas de calor.

Mas as temperaturas no Mediterrâneo se elevarão de qualquer forma a um ponto em que serão uma ameaça à saúde humana, à agricultura e à estabilidade econômica, segundo os cientistas.

– A redução de emissões de gases de aquecimento global diminui o impacto, mas há efeitos negativos inclusive com emissões menores – explicou Noah Diffenbaugh, professor da Universidade Purdue, nos EUA, que liderou a pesquisa. – As mudanças climáticas e de comportamento que puderem ser feitas agora terão uma grande influência no que realmente ocorrerá no futuro.

O estudo explora dois dos cenários mais aceitos entre os que foram desenvolvidos pelo Painel Internacional de Mudança Climática (IPCC, da sigla em inglês): um que mostra o que ocorrerá se as mudanças nas políticas de emissões forem menores e outro que considera grandes alterações.

O primeiro estabeleceu um aumento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera de 123% em 2100, e o segundo, 62%. Neste caso, em vez de as temperaturas subirem sete ou oito graus em Paris, a elevação será de seis ou sete graus, e poderá haver a metade de dias perigosamente quentes.

O estudo foi publicado na edição deste mês da revista Geophysical Research Letters.

Fonte JBonline

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