Uma investigação conduzida por um consórcio de jornalistas latino-americanos, intitulada “Mercenários Digitais”, tem revelado os bastidores dos serviços de desinformação utilizados por operadores políticos para impulsionar candidatos e prejudicar adversários. Nesse contexto, foi descoberta a contratação, pela campanha do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), de um funcionário de um consultor argentino que disseminou fake news sobre as urnas eletrônicas brasileiras.
O CLIP (Centro Latino-Americano de Investigação Periódica), em parceria com mais de 20 veículos de comunicação, incluindo o UOL e a Agência Pública, lançou a iniciativa há cerca de seis meses. A investigação apontou para o uso avançado de estratégias de desinformação no Brasil, especialmente impulsionado pelo governo de Jair Bolsonaro, com seus filhos atuando como importantes elos na disseminação de notícias falsas.
A reportagem revelou que Eduardo Bolsonaro contratou um funcionário do consultor político argentino Fernando Cerimedo para sua campanha de reeleição. Cerimedo é conhecido por sua influência na indústria de fake news em campanhas da extrema-direita na América Latina. Além disso, o deputado viajou para Buenos Aires em meio ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022, com apoio institucional do Itamaraty e da Câmara dos Deputados, mas sem informar publicamente o caráter oficial da viagem e o motivo do encontro no país vizinho, o que levanta questionamentos sobre o uso indevido do poder político.
As fake news têm se tornado uma questão cada vez mais relevante na política, influenciando eleições e prejudicando a democracia. É fundamental o papel da imprensa e das instituições em investigar e expor tais práticas, buscando garantir a transparência e a honestidade nas disputas eleitorais. Ações que visam combater a disseminação de notícias falsas e garantir a responsabilização daqueles que as propagam são essenciais para proteger o debate público e a confiança na democracia.
*Com informações da RFI.
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