Após 11 meses de guerra no Sudão, surge a “pior crise de fome do mundo”

De acordo com o PMA, menos de uma em cada 20 pessoas no Sudão pode pagar por uma refeição completa.
De acordo com o PMA, menos de uma em cada 20 pessoas no Sudão pode pagar por uma refeição completa.

Quase 11 meses depois do início da guerra no Sudão, trabalhadores humanitários da ONU alertaram nesta quarta-feira (06/03/2024) que o conflito corre o risco de desencadear “a pior crise de fome do mundo”. O país do nordeste da África já sofre a maior crise global de deslocamento, adiciona o Programa Mundial de Alimentos, PMA.

Desde abril de 2023, os combates entre o Exército sudanês e o grupo conhecido como Forças de Apoio Rápido, RSF, deixaram milhares de mortos e 8 milhões de deslocados.

14 milhões de crianças

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, também alertou que 14 milhões de crianças precisam de assistência e expressou preocupação de que o conflito possa ultrapassar as fronteiras do Sudão, ameaçando a estabilidade na região.

A diretora executiva do PMA, Cindy McCain, lembrou que há 20 anos, Darfur foi a maior crise de fome do mundo e houve união para responder. “Mas hoje, o povo do Sudão foi esquecido. Milhões de vidas, a paz e a estabilidade de toda uma região estão em jogo”, apontou.

A chefe da agência da ONU esteve no Sudão do Sul, onde se encontrou com famílias que fugiam da violência e do agravamento da situação de fome no vizinho do norte do país.

Refeições fora do alcance

De acordo com o PMA, menos de uma em cada 20 pessoas no Sudão pode pagar por uma refeição completa. Em todo o país, 18 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar aguda e 5 milhões enfrentam a fome.

A agência da ONU ainda aponta que há dificuldades de movimento por conta da violência e pela interferência das partes do conflito. Além disso, o PMA afirma que falta financiamento. Além disso, a crise alimentar não se limita ao país e afeta mais de 25 milhões de pessoas no Sudão, Sudão do Sul e Chade.

Assim, o PMA afirma que não consegue fornecer ajuda alimentar emergencial suficiente para as comunidades sudanesas. A assistência humanitária foi ainda mais comprometida depois que autoridades revogaram permissões para comboios entre fronteiras, forçando as equipes a interromper as operações do Chade até Darfur.

Com nove em cada 10 pessoas que enfrentam a fome no Sudão presas em áreas que são, em grande parte, inacessíveis aos humanitários, o PMA fez um novo apelo para que os combates parem e para que todas as agências de ajuda tenham acesso necessário.

Inação afetará a região por anos

A guerra fez cerca de 600 mil pessoas buscarem refúgio no Sudão do Sul e uma em cada cinco crianças em centros de trânsito na fronteira sofre de desnutrição, segundo o PMA.

Embora os deslocados representem uma pequena fração da população, os recém-chegados ao Sudão do Sul são mais de três em cada dez pessoas que enfrentam níveis catastróficos de fome.

O PMA afirma que tem feito grande esforço para atender à escala da necessidade. A agência da ONU anunciou no início deste ano que enfrenta uma lacuna de financiamento de US$ 74 milhões para a resposta à crise do Sudão, enquanto planeja atingir 4,2 milhões de pessoas em 2024.

*Com informações da ONU News.

Banner da Prefeitura de Santo Estêvão: Campanha do São João 2024.
Banner da Campanha ‘Bahia Contra a Dengue’ com o tema ‘Dengue mata, proteja sua família’.
Sobre Redação do Jornal Grande Bahia 141884 artigos
O Jornal Grande Bahia (JGB) é um site de notícias com publicações que abrangem as Regiões Metropolitanas de Feira de Santana e Salvador, dirigido e editado pelo jornalista e cientista social Carlos Augusto.

Seja o primeiro a comentar

Deixe um comentário