Mesmo após a recente homologação de duas áreas da União para usufruto exclusivo de comunidades indígenas, as vozes que clamam pela demora do Estado em reconhecer e delimitar os territórios tradicionais continuam a ecoar. Durante a coletiva de imprensa realizada no 20º Acampamento Terra Livre (ATL), uma mobilização que anualmente reúne milhares de participantes de diversas etnias em Brasília, Kleber Karipuna, um dos coordenadores-executivos da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), enfatizou: “Vamos continuar lutando. Vamos continuar brigando pela demarcação das terras”.
A expectativa gerada pela homologação de apenas duas áreas, Aldeia Velha na Bahia e Cacique Fontoura em Mato Grosso, frustrou parte do movimento indígena, que aguardava o reconhecimento federal de outros quatro territórios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao justificar a decisão de não homologar os demais territórios, citou questões políticas e problemas como a ocupação por não indígenas, atendendo a pedidos de governadores.
Entretanto, para o movimento indígena, a demora e as justificativas não são aceitáveis. Kretã Kaingang, também coordenador-executivo da Apib, enfatizou que o reconhecimento desses territórios é uma “questão de honra” e que o governo não terá trégua até que essas homologações sejam concretizadas. As críticas ao governo vêm crescendo, especialmente desde a aprovação do Marco Temporal e a sugestão de compra de terras para reassentamento de comunidades indígenas.
Apesar dos esforços elencados pelo Ministério dos Povos Indígenas em relação à retomada de homologações e à criação de novos planos de gestão, líderes indígenas como Dinamam Tuxá, também da Apib, afirmam que ainda não são suficientes. O movimento indígena busca não apenas a demarcação de terras, mas também a finalização de processos demarcatórios pendentes, a desintrusão de áreas já homologadas e o fortalecimento da Funai.
*Com informações da Agência Brasil.
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