Força-tarefa Lava Jato burlou soberania ao agir em conluio com EUA por dinheiro da Petrobras, diz jurista

Procurador federal Deltran Dellagnol, coordenador da Operação Lava Jato.
Procurador federal Deltran Dellagnol, coordenador da Operação Lava Jato.

Nesta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Polícia Federal para apurar indícios de conluio entre procuradores da Operação Lava Jato e autoridades estrangeiras para repartir recursos da Petrobras.

“Encaminhei hoje à Polícia Federal o caso dos acordos feitos por procuradores com outros países, sem o procedimento legal. O objetivo é a investigação sobre a origem e o destino de bilhões de reais e os motivos que levaram a tais acordos com autoridades estrangeiras”, escreveu Dino nas redes sociais.

A decisão veio após a revelação de diálogos nos quais Dallagnol negociava com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça a repartição dos recursos oriundos de multas impostas contra a Petrobras no âmbito da Operação Lava Jato. As negociações eram conduzidas pelo aplicativo de mensagens Telegram, evitando os canais oficiais previstos em lei, conforme apuraram os jornalistas Leandro Demori e Jamil Chade.

De acordo com os diálogos, incluídos nos arquivos da Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing, Dallagnol reporta aos seus colegas suíços o andamento das negociações com autoridades dos EUA sobre a repartição do dinheiro.

“Meus amigos suíços, acabamos de ter uma reunião introdutória de dois dias com a SEC [Comissão de Valores Mobiliários] dos EUA. Tudo é confidencial, mas eu disse expressamente a eles que estamos muito próximos da Suíça e eles nos autorizaram a compartilhar as discussões da reunião com vocês”, escreveu Dellagnol.

Ao detalhar os temas tratados na reunião com os norte-americanos, Dallagnol relata casualmente que “o Departamento de Justiça dos EUA e a SEC aplicarão uma penalidade enorme à Petrobras”, mas disseram que “se a Petrobras pagar algo ao governo brasileiro em um acordo, eles creditariam isso para diminuir sua penalidade, e que o valor poderia ser algo como 50% do valor do dinheiro pago nos EUA”.

O montante seria destinado a um fundo privado que o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná planejava criar para gerir os recursos obtidos em função da Operação Lava Jato. Isto é, a operação buscava utilizar o seu poder de investigação para angariar fundos para si própria, em prejuízo da empresa brasileira. A instauração do fundo privado dos procuradores de Curitiba, no entanto, foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o advogado e autor do livro “Geopolítica da Intervenção”, sobre a participação dos EUA na Operação Lava Jato, Fernando Augusto Fernandes, membros da Lava Jato auxiliaram autoridades norte-americanas a coletar elementos contra a Petrobras.

“Eles burlaram a soberania nacional para que esses procuradores [dos EUA] fossem a Curitiba e interrogassem os réus e delatores da Petrobras, entregando em solo brasileiro elementos que viabilizaram a imposição de multas bilionárias à empresa”, disse Fernandes à Sputnik Brasil. “Eles se mancomunaram com autoridades dos EUA para que a Petrobras fosse multada.”

Os procuradores chegaram a entregar documentos sigilosos sobre a empresa brasileira, ferindo não só princípios da administração pública, mas também segredos comerciais da Petrobras, revelou Fernandes.

*Com informações da Sputnik.

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