A Polícia Federal da Bahia iniciou uma investigação nesta sexta-feira (18/08/2023) para apurar o assassinato brutal da liderança quilombola Maria Bernadete Pacífico Moreira, de 53 anos. Ela foi morta a tiros dentro de sua casa no Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no município de Simões Filho. A tragédia levanta preocupações sobre a segurança das comunidades quilombolas na região e a disputa pela terra e recursos naturais.
A liderança Maria Bernadete, também conhecida como “Dona Dete”, era uma figura respeitada não apenas em sua comunidade, mas também em todo o movimento quilombola. Ela desempenhava um papel crucial como coordenadora-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), uma entidade que representa e defende os direitos das comunidades quilombolas em todo o país.
Segundo informações preliminares da Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, dois homens usando capacetes invadiram a residência da vítima e dispararam várias vezes com armas de fogo. A SSP pede que qualquer informação relevante sobre o caso seja reportada ao telefone 181, o Disque Denúncia.
Este não é o primeiro episódio trágico que atinge a família de Maria Bernadete. Seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como “Binho do Quilombo”, foi assassinado quase seis anos atrás, em 19 de setembro de 2017. A Polícia Federal informou que também está investigando esse caso e que todos os esforços estão sendo empregados para esclarecer os homicídios.
O governo federal não ficou alheio a essa situação. Representantes dos ministérios dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial foram enviados à região para acompanhar de perto os desdobramentos do assassinato de Maria Bernadete. A tragédia ressalta a vulnerabilidade enfrentada por líderes de comunidades quilombolas em um cenário de crescente tensão em relação à posse de terras e recursos naturais.
A Conaq, da qual Maria Bernadete era uma destacada integrante, vinha denunciando repetidas ameaças, perseguições e intimidações contra os moradores do Quilombo Pitanga dos Palmares. Os membros da coordenação afirmam que a violência dirigida às lideranças locais está diretamente relacionada à luta pelo acesso à terra e à água.
Essa tragédia também lança luz sobre uma realidade alarmante: de acordo com um levantamento realizado pela Rede de Observatórios de Segurança, apoiado pelas secretarias de segurança pública estaduais e divulgado em junho deste ano, a Bahia figura como o segundo estado do Brasil com maior número de ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais. No período entre 2017 e 2022, a Bahia registrou 428 vítimas de violência, ficando atrás apenas do Pará.
As investigações sobre o assassinato de Maria Bernadete Pacífico Moreira e a situação das comunidades quilombolas na Bahia agora estão sob a lupa da Polícia Federal. Enquanto o país lamenta a perda de mais uma liderança dedicada à defesa dos direitos humanos e da igualdade racial, a busca por justiça e a garantia da segurança dessas comunidades se tornam uma prioridade inadiável.
*Com informações da Agência Brasil.
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